TELEVISÃO: cuidado, ela orienta a sua vida.
Em um Congresso Acadêmico de Direito, no ano de 2004, tive a oportunidade de presenciar a Ministra Carmen Lucia Antunes Rocha, hoje membro do Supremo Tribunal Federal. Nesta ocasião ela palestrou sobre o seguinte tema: "Televisão e eleição: a sociedade do espetáculo."
Fiquei muito interessado naquela linha de pensamento feita pela ilustre Ministra, e busquei ler o livro de Guy Debord - A Sociedade do Espetáculo.
Este livro tem um conteúdo filosófico pesado, viscoso, e muito esclarecedor quando se busca a atenção em todos os seus parágrafos.
Depois de ler o referido livro, não tive dúvidas que nossa sociedade, infelizmente, vive o falso, vive uma contemplação da ilusão, e varre para debaixo do tapete do quarto a verdade, o viver a vida em plenitude, onde o "ser" não interessa, mas o "ter" é imprescindível.
Por tudo aquilo que somos alvejados pelos 'meios de comunicação de massa' são criados nossos desejos. Eu não penso mais, eu não sei o que quero mais, eu vivo à mercê do melhor do ano, da tecnologia mais avançada, dos designs mais agressivos, do produto que me fazem acreditar ser o melhor.
É um verdadeiro espetáculo, no qual ficamos estáticos recebendo milhares de informações que vão constituindo nossos ojetivos, nossas metas, nossos ideais. Sou partidário de sonhos, mas sonhos reais, e não ilusórios em forma de reais.
Eu nasci para cuidar, zelar pelo próximo, amar sem fronteiras, e nessa minha caminhada ao conhecimento de tudo isso tive que me retirar da arquibancada do espetáculo e buscar o meu sonho genuíno.
Já passei por muitas preocupações e ainda passo, pois 'o meio faz o homem'. Já queimei muito fosfato pensando em como vou alcançar aquele bem, como vou conquistar aquele emprego, como vou felicitar meus familiares e etc; mas hoje tenho a certeza do meu propósito, e nele estou focado, pois é um sonho genuíno que, por certo, me levará a todas as riquezas desta terra.
Ver e escutar os noticiários, os programas de auditório e tudo mais é muito interessante e divertido, mas vigie os seus pensamentos, o seu coração, para que não perca a criativadade, a autocrítica e os seus desejos pessoais genuínos, porque depois pode ser muito mais difícil e irreparável.
O Arquiteto da Vida, Deus, nos deu sonhos genuínos, aqueles em que você um dia acordará de madrugada e ficará pensando como articular e agir para que eles se realizem, sem precisar corromper-se, humilhar-se (no sentido pejorativo da palavra), nem tampouco desvalorizar a sua dignidade.
Somos seres ímpares e com uma meta a cumprir, pela qual não podemos caminhar de encontro, mas ao encontro desta meta, sob pena dos nossos dias serem vividos parcialmente, sem o principal atributo do "ser", EQUILÍBRIO.
A televisão é divertida, mas pergunte ao seus avós como eram feitas as refeições sem
a televisão. Hoje o diálogo familiar está calado, mudo, pois a televisão comanda e atrai as nossas atenções, restando mastigar, mesmo que não queira, o conteúdo temerário dos noticiários.
Vou trazer algumas passagens do livro que embaso a minha abordagem:
"Considerado segundo os seus próprios termos, o espetáculo é a afirmação da aparência e a afirmação de toda a vida humana, socialmente falando, como simples aparência. Mas a crítica que atinge a verdade do espetáculo descobre-o como a negação visível da vida; uma negação da vida que se tornou visível. (...) O espetáculo, considerado sob o aspecto restrito dos «meios de comunicação de massa» — sua manifestação superficial mais esmagadora — que aparentemente invade a sociedade como simples instrumentação, está longe da neutralidade, é a instrumentação mais conveniente ao seu automovimento total. (...) A alienação do espectador em proveito do objeto contemplado (que é o resultado da sua própria atividade inconsciente)exprime-se assim: quanto mais ele contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos ele compreende a sua própria existência e o seu próprio desejo. A exterioridade do espetáculo em relação ao homem que age aparece nisto, os seus próprios gestos já não são seus, mas de um outro que lhos apresenta. Eis porque o espectador não se sente em casa em parte alguma, porque o espetáculo está em toda a parte."
Por isso, peço muito cuidado, pois a televisão orienta a sua vida.