PALAVRAS PARA RECEBER UM GRUPO DE ESPOSAS DE MILITARES EM RECIFE

Queridas amigas e companheiras:

O nosso abraço especial para as novas participantes de nossa comunidade militar de recife. Sei que as amigas que já conhecem esta cidade voltaram felizes. As novatas, tenho certeza, formarão um bom conceito de Recife e do povo nordestino. Sou mineira, mas venho recebê-las como pernambucana. Logo que aqui cheguei senti que ia gostar. Esse cenário maravilhoso enfeitado por coqueiros, um mar de água morna, a tradição brotando em Olinda, nos antiquários do Alto da Sé, de onde falou Duarte Coelho: - “Oh! Linda! Situação para se criar uma vila,” deslumbrado estava com a paisagem. E aqueles garotinhos: - “Quer que eu lhe conte a história de Olinda? Eu sei tudinho.” Os entalhes, os sorvetes de graviola, pitanga, mangaba...

E a ciranda? Quanta emoção no Pátio de São Pedro vendo aquele povo sério, compenetrado, como se fosse para a mesa da comunhão. De mãos dadas, pretos, brancos, ricos, pobres, turistas, dançando num ritmo cadente a ciranda: “Esta ciranda quem me deu foi Lia, que mora na ilha de Itamaracá...” A ciranda representa a alma do povo nordestino: pura, criança, ainda pouco contaminada pelo vírus das grandes metrópoles.

Caruaru, Nova Jerusalém, Itamaracá, Maria Farinha... Os batutas de S. José - se quer aprender a dançar o frevo. E a feira? Quanta fruta gostosa! A criançada a brigar pelo balaio e o velho que pede: - “Oh! Moça simpática! Oh! Moça de óculos! Oh! Moça delicada, me dê uma esmolinha!”

A cerâmica de Tracunhaém, as rendas de Poção e Pesqueira, o artesanato da Ribeira, o Mourisco, as bordadeiras, os tapetes de Casa Caiada, os vestidos do Marcílio, as pinturas de Salomé, Sônia, as cerâmicas da Mariza, e as jóias do Presley. Acho bom parar porque ainda não falei de João Pessoa, Natal e Fortaleza.

Oh! Gente! Por tudo isso, venho recebê-las em meu nome e de todas nordestinas. De coração, desejo que vocês sintam pelo Nordeste esse mesmo amor que brotou em mim, tão de mansinho nas menores coisas, mas que hoje me faz sentir parte integrante desse mar e desses coqueiros. Se olharem tudo isto como eu olhei, vocês serão felizes e, logo já não serão tão cariocas, nem tão gaúchas, nem tão paulistas, mas acima de tudo, bem brasileiras.

Maria Eneida
Enviado por Maria Eneida em 29/03/2010
Reeditado em 28/04/2010
Código do texto: T2165024
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