Arte
A função da obra de arte a partir dos momentos experienciados seria abrir espaço para a leitura do mundo que a cerca como um “campo de sentido e âmbito perceptivo, sensível e cognitivo”, dando assim a oportunidade do observador de perceber um pouco do mundo com seus universos e valores além da história de quem a construiu.
Dessa forma a obra de arte nos provoca uma interação complexa e imaginativa entre e com ela, produzindo assim uma experiência particular e universal que envolve o exercício conjunto do pensamento, da intuição, da sensibilidade e da imaginação, gerando um significado diferente do pensado pelo autor a partir da fruição de quem a observa.
No espaço no qual atuo essa definição encontra-se em franco desenvolvimento com o trabalho da professora de Artes, Marcia Hippert, que vem trazendo para as suas aulas o olhar pretendido pelos PCN's quando nos diz que:
“Cada obra de arte é, ao mesmo tempo, produto cultural de uma determinada época e criação singular da imaginação humana, cujo sentido é construído pelos indivíduos a partir de sua experiência.
” (pág. 191)
Experienciando um olhar mais amplo para as artes os alunos tem a chance de perceber como “a imagem integra-se ao texto, som e espaço.” O que proporciona a escola, na pessoa de seus constituintes, a chance de considerar em suas propostas de ação:
*o produto cultural no qual está inserido,
*a criação singular de cada um deles e
*os sentidos por eles construídos.
Assim o aniquilamento e a quebra entre a experiência individual e a coletiva amparada por Vygotsky com o nome de mediação acreditando na plasticidade neuronal, estará garantida.
Na intenção de trazer a reflexão sobre esse trabalho para o cotidiano dessa comunidade apresento como proposta as seguintes reflexões:
1- Onde e como podemos perceber os valores contemporâneos no ensino de Arte que é realizado na escola através do trabalho desenvolvido pela professora de Artes?
I) a busca pela originalidade e pela inovação – a reprodução ”faz parte”.
II) o respeito pelos processos criativos – interpretação de obras de arte.
III) a perda do medo do erro e do equívoco – produção individual e coletiva.
IV) o desejo de experimentação – fatos reais e históricos permeiam suas aulas.
V) o reconhecimento da alteridade da obra e a autocrítica
construtiva – cada pessoa tem direito a emitir o seu ponto de vista como possibilidade de interpretação.
2- Que atitudes são trabalhadas pela professora frente a uma obra de arte?
a) substituir os preconceitos e a projeção automática dos costumes habituais, aos quais nos apegamos como se fossem valores universais;
b) dispor-se à compreensão do diferente como uma possibilidade de conhecimento e compreensão de si e do mundo, resgatando o maior número possível de categorias lógicas e de impressões emotivas, implementando-as nos mais diversificados modos de interpretação e apreensão;
c) aumentar tanto quanto possível a existência de uma interpretação válida para um evento imagético, acreditando-o passível de compreensão;
d) observar atentamente as formas gerais e os detalhes trazendo-os para o âmbito da sensibilidade, buscando remeter ao sentimento e à emoção;
e) predispor-se à fruição estética.
Essa proposta de trabalho tem o objetivo de:
1- Levar a escola a perceber como os caminhos percorridos por esse profissional podem favorecer a percepção da existência de uma infinidade de valores relativos permeando as relações dentro dos espaços de uso coletivo. Nesse caso, a escola.
2- Oferecer à escola a possibilidade de perceber a apresentação de um conhecimento sem a influência direta de preconceitos e juízos antecipados.
3- Perceber a fruição, o conhecimento e o prazer como prioritários no processo educativo.
4- Reconhecer o processo pessoal da construção do conhecimento como interligado com a construção contemporânea do mesmo.