HOMENAGEM A SAFIRA TORRES DE MENEZES - 80 ANOS

Amigos de dona Safira, representantes das dezenas de outros que aqui não se encontram. Meus amigos

Tenho por hábito dizer umas palavrinhas nas reuniões e festas da família. Faço isto, porque entendo que o que a gente sente não deve ficar guardado dentro de nós, deve chegar a outros corações.

Confesso, porém, que a indicação para falar, representando genros e noras, gerou em mim uma certa apreensão.

Representar tantos pensamentos, tantas emoções de pessoas tão diferentes que, certamente, como eu, também gostariam de dizer aqui, neste momento, suas palavras de carinho de admiração e de amor a sua sogra.

Diante da impossibilidade de todos falarem, sinto-me honrada com a oportunidade.

Noras e genros são aqueles escolhidos pelos filhos e filhas para, com suas semelhanças e diferenças fazerem parte de uma nova família.

No caso particular nosso, genros e noras de dona Safira, para fazer parte de uma família com treze filhos tendo à frente sua mãe, sem a presença do marido com quem ela dividisse as inquietações advindas desta nova relação.

De repente, ter na intimidade do seu lar, tantas pessoas com modos e costumes diferentes, mas todos escolhidos por seus filhos.

Conviver com as diferenças é uma arte e, nesta matéria, D. Safira é uma grande professora:

Ser firme, ter pulso forte, quando a situação exige;

Ouvir e entender o que deve e precisa ser ouvido e entendido;

Não escutar, não ver ou não entender palavras, atitudes e ou insinuações que melhor não fossem ouvidas, vistas ou entendidas.

É a arte da convivência que faz com que ela seja uma pessoa tão querida e admirada por suas noras e genros e por tantas outras pessoas que têm a oportunidade de com ela conviver.

Além de saber conviver, ela também é uma grande acolhedora; daí os inúmeros filhos que a escolhem e a adotam como mãe pelos diversos locais por onde ela vai passando.

Durante os vários anos de convivência com nossa sogra, nós, noras e genros, passamos momentos muito difíceis em nossas vidas.

Muitos de nós, por exemplo, fomos perdendo nossos pais. Alguns como eu, perderam pai e mãe.

E foi nestes momentos cruciais de nossas vidas, que tivemos o ombro amigo, a presença firme e acolhedora de D. Safira, como se a nos dizer: “Eles se foram mas eu estou aqui com vocês”.

Passados estes momentos, ela sempre procurou nos aconchegar mais, para que nossas dores fossem menos doloridas.

Sei que o momento é de festa, mas a emoção não deve ficar aprisionada em nossos corações. E reconhecimento é uma virtude que sempre devemos cultivar.

A homenageada de hoje é, também, uma pessoa muita reconhecida que não esquece e faz questão de ser grata a todas as pessoas que, de algum modo, em algum tempo, lhe fizeram o bem.

Teria, se o momento e o tempo permitissem, muitas coisas para falar.

Falar da casa que vive quase todos os dias, cheia de filhos e netos, que vão, saboreiam bons quitutes, mas que, na realidade, procuram o calor maternal, o carinho, o aconchego da vovó Safira que sempre os recebe cantarolando as músicas do seu tempo.

Assim, é Dona Safira:

Uma pessoa habilidosa e acolhedora no conviver;

Trabalhadora, decidida e forte no enfrentar a vida;

Mãe muito dedicada aos filhos e às suas famílias.

Foi e é dona Safira uma grande esposa, extremamente cúmplice, companheira dedicada ao seu marido Eurípedes Teles, com quem viveu uma emocionante história de amor.

Disse o poeta cuiabano Manoel de Barros que “a poesia é o mel da palavra”.

Recebe pois, Dona Safira, de seus genros e noras, no dia de seus 80 anos, um favo de mel, cristalizado na poesia ”UMA IMAGEM SUA”, que fiz, para contar, em linhas gerais, sua linda história de amor.

UMA IMAGEM SUA

Ele chegou na terra distante,

Em seu belo cavalo castanho.

Sob aquele sol escaldante,

Ela viu o lindo jovem estranho.

Seu coração logo estremeceu

E, ainda que procurasse evitar,

Seu olhar não lhe obedeceu

E...ao estranho passou a fitar.

Ele, ao ver aquela bela menina,

Cabelos negros derramados,

Corpo escultural, cintura fina,

Braços e pernas torneados,

Viu seu rostinho angelical

De lindas faces rosadas,

Nariz afilado, sem igual,

Boca rubra bem desenhada.

E ao pousar seu olhar

Nos castanhos olhos dela,

Sentiu seu destino se traçar,

Não tinha dúvidas, era ela.

Era ela a sua escolhida,

Seu coração já sabia,

Era a mulher da sua vida,

A musa, a deusa, a alegria.

Foi tal o encantamento,

Tão grande aquela atração,

Que ele a pediu em casamento

E ela entregou seu coração.

Quando de regresso a seu lar,

Levou a menina na lembrança,

Na certeza de em breve voltar

Para trazer as alianças.

“Recebe a sua, esta é a minha”.

Alianças, que belo momento!

Mas, ao pai dela ainda tinha

Que a pedir em casamento.

Diante de tamanha firmeza,

Só restava marcar o grande dia.

Com festa pra toda redondeza

Casaram-se com muita alegria.

Foram felizes, venceram tudo,

Lutaram com muito ardor,

Enfrentaram os revezes do mundo

E viveram um grande amor.

Quando o ocaso da vida chegou,

E ela enfrentou a realidade crua,

Em cada um dos treze filhos ficou,

Ele deixou....UMA IMAGEM SUA...

17/04/2009

Antonia Roza

(para Safira Torres e Eurípedes Teles de Menezes)