É PRECISO DUVIDAR

Ó estúpidos, presunçosos e compassivos estúpidos

O que fizeram vocês com a liberdade tão desejada

E se esqueceram de cultivá-la e perderam-na

Ao primeiro que do palanque prometeu mais liberdade.

Não sabem garbosos estúpidos que não se entrega o ouro ao bandido

Que como ao camaleão transmuta de matiz e de sutilezas ataca á noite

E já farto do banquete sem luta conquistado

Tranca seus sonhos em galpões secretos e vigiados

E lhes açoita a chicote ou mesmo à bala

E ceifa a vida de quantos precisarem para dar exemplo.

Assim, compassivos e vulneráveis estúpidos

A pedra mais bela que ao ourives nunca chegara às mãos

Entregue fora ao primeiro que usou de voz mansa

E como um cantador de flauta

Os conduziu para o caminho que determinara.

E encurralados feito ratos estão

Sem voz ou sonhos agora controlados

E lamentam em pensamentos a jóia que tinham

E como gado tratados são.

Nada mais resta senão uma vaga lembrança

Do dia que seduzidos por tão lindas palavras

Entregaram suas vidas e condenaram aos seus

A lamentos igualmente por dores sofridas.

E a sereia que com seu canto entorpecia

Homens do mar e de vidas aventurescas

E os levava aos fundos do oceano

Lembrado em lendas e mitos.

Então, estúpidos crédulos estúpidos

Fica da crença a oportunistas depositadas

A certeza que ninguém diz a verdade

Quando afirma do palanque garantias não pedidas.

E quem sabe chegue o dia

A rebelião como meio para um fim

E a pedra mais bela reconquistada.

Eu torço por esse dia.