Sobre a família...
São consideradas famílias estáveis. No geral se dão relativamente bem. Desejam o bem do outro. Amam-se sim. Moram na mesma casa. Conhecem os hábitos, as manias, alguns comportamentos um do outro, mas não são íntimos. Íntimos assim: de conhecer bem as emoções do outro. Tudo isso por não saber ouvir. Por não ter tempo e por não saber ouvir mesmo. Pois quando se dispõem ou tentam fazer isso, acabam sendo domados pela estranha mania de criticar, incompreender e agredir como se diante deles estivesse um odiado inimigo. Por vezes agem e dizem palavras duras como se fossem obrigados a conviverem ali no mesmo lar. Como se o outro o incomodasse. Como se o outro estivesse ali por imposição – embora de certa forma realmente esteja – e que o seu maior desejo fosse o ver bem longe. O que deveria ser uma relação de pura harmonia por tamanho amor, acaba sendo uma relação de bipolaridade. Às vezes querem parecer modernos, mas sempre acabam sendo clichês. Na hora que se dão conta do sofrimento do outro é que demonstram o quanto o querem bem e principalmente vivo! Quando tudo melhora é quando tudo novamente piora. Voltam as agressões verbais, os desentendimentos, as discussões por coisas banais, mas na verdade todo o mundo estranhamente se ama.