A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Se considerarmos que até pouco tempo a mulher não votava, que um número significativo de mulheres foram queimadas na fogueira da Santa Inquisição, que, questões relativas aos domínios femininos, como o prazer, por exemplo, estava sob o controle do clã masculino e, por último, nem por isso menos importante, o fato religioso histórico irrefutável e até certo ponto inadmissível, isto é: o papel secundário e inexpressível que a história religiosa reservou às mulheres, cito o exemplo daquele que se autodenominou o filho de Deus; o próprio Cristo quando esteve entre nós e resolveu nomear seus auxiliares, não escolheu nem nomeou nenhuma mulher para segui-lo, muito embora existisse no meio de seus inúmeros seguidores, várias mulheres; se não desejar classificar essa atitude de preconceituosa contra as mulheres, tudo bem! Mas, no mínimo foi uma atitude excludente contra o gênero feminino.

Circundado de variados fatos históricos, de natureza social e ou dogmático, fato é que esses entes históricos fundamentam a violência contra o dito sexo frágil; essas modalidades de violência contra a mulher se revestem de múltiplas, variadas e infinitas dimensões causais; a herança histórica da submissão feminina frente ao domínio hierárquico masculino ao longo da construção do processo de conhecimento da humanidade, diz muito da dominação masculina sobre o qual foi submetido e esteve subordinado os papeis sociais da mulher nas suas mais variadas formas de sociedade, porém, diz pouco, pouquíssimo das reais conquistas que a mulher moderna conquistou na sociedade contemporânea.

Dados recentes constatam que as mulheres detêm maior número de carga horária de estudos que os homens; que a mulher “invadiu” todos os ramos do conhecimento humano, em áreas que até pouco tempo era domínio exclusivamente masculino; que mais da metade dos lares brasileiros são tocados, sustentados por mulheres. A pergunta que não quer calar é: como se processa e por que tanta violência contra o gênero feminino? Antes de adentrarmos nos limites conceituais que possam sugerir uma possível resposta à pergunta formulada, falemos um pouco de uma modalidade de violência praticada contra a mulher que, de forma muito bem elaborada e dissimulada, faz parte do dia a dia da mulher desde os primeiro passos, desde a tenra idade, refiro-me à violência simbólica; este tipo de violência ganha corpo e formas definidas quando tais práticas são perpassadas pelas instâncias organizativas e grupos sociais, sejam estes de natureza formal ou não. As investidas de natureza violenta em forma de repressão são facilmente identificadas no atual modelo estatal burguês --- o Estado burguês brasileiro, por exemplo ---, por intermédio de suas instituições ditas “democráticas” e funcionais, age, opera nas consciências femininas --- e masculinas igualmente ---, como se fossem camisas de forças sociais objetivamente operante cujo fim primeiro é, MOLDAR, ADESTRAR, o indivíduo adequadamente aos padrões de subserviência, de consumo e de produção capitalista; as instâncias físicas onde se dão esses processos, são os mais variados, por exemplo: a) o modelo escolar burguês, onde por intermédio da disciplina escolar e os textos didáticos, verifica-se padrões de ideologias claras onde à mulher é reservado papeis secundários, b) as organizações religiosas, onde às mulheres são reservados os papeis de auxiliares, c) a família, d) os programas televisivos, quando da baixaria reserva à mulher motivações de chacota, e) a ideologia da classe dominante.

No entanto, razões outras são verificadas, cito a concepção errônea e ultrapassada da figura do “machão”, aquele que manda e tudo pode... é este mesmo estereótipo de homem que, na atualidade, assiste impassível e gradativamente seu império de marido provedor do lar ruir, cair por terra e, no contra ponto dessa constatação, vislumbra a mulher - por vezes, a sua própria -, conquistar novos postos de trabalho; correndo por fora mas, influenciando diretamente o epicentro das emoções relacionais entre homens e mulheres, cresce assustadoramente os índices de desemprego no segmento masculino, a reboque, gera descontentamentos e os primeiros contatos com o álcool e as drogas; na efervescência das significativas mudanças comportamentais e sociais, eis que surge um novo perfil masculino: um homem despreparado e inapto às novas regras sociais onde a mulher cada vez mais assume papeis, postos e funções produtivas nessa sociedade de consumo outrora dominada pelo gênero masculino.

Advogamos que nada, absolutamente nada justifica a violência contra a mulher. Somos no entendimento que concebe o homem agressor como um indivíduo portador de cuidados e assistência médico-psicológico, mais ainda, o diagnóstico e encaminhamento dessa “nova” doença social é de inteira responsabilidade do Estado enquanto organização e gestor de programas da vida em coletividade.

DIMAS: Professor-Pesquisador, Pedagogo, Especialista e Mestrando em Educação, Militante do PCdoB

Dimas Cassimiro
Enviado por Dimas Cassimiro em 10/12/2009
Reeditado em 12/09/2013
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