A DISPUTA E O CRESCIMENTO.
Começo minha fala utilizando de um parágrafo de uma antiga crônica de minha autoria, quando postei em minhas obras o título: “A BOLA E AS REDES”. Escrevi naquela oportunidade o seguinte:
“Acredito que os ingleses ao inventarem o futebol jamais imaginavam a dimensão que esse esporte tomaria nas atividades humanas em nossa terra de Deus. Hoje, quando avistamos uma bola e um gol, logo, imaginamos um cenário cheio de emoções, pois tais silhuetas no mundo do futebol se tornaram os principais ingredientes. A bola: significa um globo que emita a terra com os gomos que delimitam os Continentes. A rede: com suas malhas finas significam as etnias e as separações das Nações, onde cada quadrinho próprio significa o território onde estão representados geograficamente cada um dos seres adeptos do futebol. Assim, quando a “bola-terra” é acionada rumo a “rede das nações”, todos ficam torcendo para que ela tome o rumo certo e atinja tantos corações num só momento, deixando-os balançados pelo seu atrito que faz aquele obstáculo tremer de tanta força e de tanta energia. Logo, os corações – no mesmo instante – também batem aceleradamente fazendo daquelas redes que balançam uma sensação única que penetra nos vasos sanguíneos de cada pessoa (torcedora), trazendo-lhe aquele frio na espinha, transformando-se numa energia evolutiva que se transforma em emoção e felicidade”.
Entretanto, hoje, vou muito além dessa simples alusão à bola e à rede. O futebol tornou-se para nós um elixir, conforme diz a letra do nosso Hino. Assim, podemos dizer que jogar bola é esquecer os problemas e driblar as dificuldades, pois o nosso sorriso que vem através da uma vitória se projeta em nossa mente e nos ajuda a entender melhor a vida como ela é. As derrotas nos servem para aprender a respeitar a superioridade do adversário.
Sempre quando deparamos com um problema a primeira coisa que nos vem à cabeça é que teremos uma pedra pesada para tirar da nossa frente. Isso não passa de uma filosofia de vida; mais tarde ou mais cedo, nós veremos que nada era tão pesado quanto imaginamos no começo, pois não existe dificuldade que não seja superada com doses de paciência e de persistência. Pois bem! Vocês hão de estar perguntando a razão dessa observação num discurso de entrega de prêmio de um Campeonato? A resposta é simples, pois tem tudo a ver, já que quando partimos para a reflexão logo observamos que até no futebol amador, onde as coisas são feitas sem muito compromisso, há grande dose de comprometimento e de entrega. Há, aí, nessa simbiose entre disputa e vontade de ganhar, uma visível dose de aprendizado que mais tarde vai se transformando em crescimento.
Mais uma vez alguém poderá dizer, mas o que ‘jogar bola’ tem a ver com aprendizado e com crescimento? Aí terei que chamar atenção de todos para o alcance comum dos propósitos que inconscientemente nascem com a idéia de jogar futebol sem compromisso. Acontece que vir até esta Arena Esportiva para jogar uma partida de futebol e estar aqui com várias outras pessoas de pensamentos e idéias diferentes nos faz seres humanos em busca de objetivos, por mais que esse objetivo seja apenas jogar uma partida de futebol, eis que daí surge várias outras coisas que geram crescimento, por exemplo, a necessidade de mudanças na fórmula de disputa para que ela acompanhe nossa faixa etária (como feito este ano); o acompanhamento da informática para que ela nos deixe mais perto dos acontecimentos (site Mão na Taça), a modernização dos aparatos e dos meios de organização (a estrutura do nosso campo). Enfim, não há nenhuma dúvida de que se fizermos uma comparação do campeonato de hoje com aquele realizado dez anos atrás, veremos que muitas coisas aconteceram para melhor.
Junto com a disputa vem outro tipo de crescimento. Aliás, é sobre esta forma de ver as coisas que quero chamar a atenção, pois da simples idéia de um colega, pude perceber que ainda tinha uma coisa a ser feita em nosso campeonato que é partilhar nossa alegria com pessoas carentes. Assim, a arrecadação que fazemos hoje de alimentos não perecíveis, a meu ver, coroa com um sabor mais abrangente a entrega dos troféus ao grande vencedor da tarde. Assim, vejo que nossa simples brincadeira de sábado á tarde virou algo de crescimento, pois estamos aprendendo a dividir nossos louros e nossas alegrias. Sobre esse nosso crescimento cito a mensagem de JOEL BACKER: “VISÃO SEM AÇÃO NÃO PASSA DE SONHO; AÇÃO SEM VISÃO É SÓ PASSATEMPO; VISÃO COM AÇÃO PODE MUDAR O MUNDO”. Assim, nada melhor que entrarmos no Natal deste ano com essa visão de crescimento, dando ou se doando àqueles que estão necessitados.
Ainda sobre crescimento, chamo a atenção para algumas particularidades que dizem respeito ao modo de reação e a forma em que cada um dos atletas encara uma jogada, eis que uns saem calados, outros xingam, outros agridem, outros contemporizam etc. Evidente, existem até casos mais graves que são levados a julgamento e o Conselho de Representantes julga conforme suas convicções. Entretanto, quero deixar como lição de vida, uma observação que extrai de um site que falava sobre a “Lenda Árabe”, onde dois amigos viajavam juntos e em certa ocasião se desentenderam e aquele que apanhou escreveu na areia: “HOJE MEU MELHOR AMIGO ME DEU UMA BOFETADA NO ROSTO”. Passou um tempo e quando se banhavam num rio aquele que havia levado a bofetada estava se afogando e foi salvo pelo amigo; assim, ele escreveu novamente, desta vez não na areia, mas numa pedra: “HOJE MEU MELHOR AMIGO SALVOU MINHA VIDA”. Intrigado o amigo indagou as razões para estar escrevendo aquilo. Quando seu amigo respondeu que o importante não era o que tinha escrito, mas onde os escreveu. Na primeira vez, escrevi na areia, pois esse seu exemplo de violência deve ser pisoteado e vai se esvair no tempo e até desaparecerá na primeira chuva. Conquanto, na segunda vez que você me salvou se tornará um escrito eterno, pois deixei registrado numa pedra que conservará o exemplo por muitos anos. Isso também é crescimento.
Bem. Depois de tantas reflexões, resta-nos apreciar o melhor do nosso crescimento que é a festa de hoje; movida com muita emoção e com muitos gestos de bondade no coração. O campeão está recebendo um troféu pelo seu brilho e pelo seu empenho dentro de campo, que, aliás, foi merecedor.
Todas as premiações que ora entregamos são fruto de retribuição pelo muito que os atletas demonstraram dentro de campo. Foram jogadores brilhantes que souberam honrar seus elencos. Como exemplo, destacamos o empenho e participação massiva dos atletas que em momento algum abandonaram suas equipes, mesmo na adversidade de terem de jogar uma partida sem aspirar classificação.
Agradecemos aos patrocinadores. Agradecemos ao empenho da Diretoria da Delegacia Sindical de Campo Grande. Agradecemos aos funcionários que cuidaram de todos os aparatos e serviços para bom andamento do campeonato. Agradecemos à torcida que sempre presente, nunca se desviou da sua condição de torcedor, dando brilho especial à competição.
Enfim, termino esta fala com um pensamento muito expressivo de Willian Shakespeare, que diz assim: “O TEMPO É MUITO CURTO PARA OS QUE ESPERAM, MUITO RÁPIDO PARA OS QUE TEM MEDO, MUITO LONGO PARA OS QUE LAMENTAM, MUITO CURTO PARA OS QUE FESTEJAM. MAS, PARA OS QUE AMAM; É UMA ETERNIDADE”.