DISCURSO DE RELANÇAMENTO

Meus jovens, alunos deste estabelecimento de ensino que me honram com sua presença; pais e mães que deixaram o aconchego de seus lares para dar calor a este evento; senhoras e senhores.

Recebi uma mensagem pela internet parabenizando-me pelo belo romance que acabara de ler, dizendo do carisma verificado como romancista, sendo este o primeiro a sair da minha lavra, no gênero. Mas, no final do e-mail escreveu, com suas palavras, que era muita ficção do autor afirmar que havia índios inteligentes; que os povos indígenas são, por sua própria cultura, sujos; que nunca tomam banho e que não têm inteligência e todos bebem bebida alcoólica.

A cidade de Chapecó foi erigida sobre solo que

foi reserva dos gaigangues/guaranis, cujas terras foram vendidas pelos governos aos colonos que as ocuparam e cultivaram. Para os povos indígenas, que eram seus legítimos donos, foram reservados os pedacinhos de terras que sobraram das terras não agricultáveis, já sem florestas. A madeira, que era uma das fontes de renda de então, foi serrada e vendida pelo ditos pioneiros. Com este tratamento de desprezo dado aos povos indígenas do sul, estes foram marginalizados e considerados intrusos em suas próprias terras. E isso está acontecendo ainda hoje em todo o Brasil. Não vou me estender muito falando dos maus tratos que os indígenas receberam ao longo da história, já no intuito de “catequizá-los”, já com a intenção clara e perversa de usufruir as riquezas do rico solo em que estavam e estão assentados.

Não sei se todos os escritores têm a mesma intenção, mas no meu caso, ciente dos abusos cometidos contra esses seres humanos e da reforma agrária que nunca saiu do papel, quero, com este romance, deixar para as gerações futuras, a minha colaboração, evidenciando que, se há boa vontade e senso de justiça nos governos e, se todos nós colaborarmos com a nossa boa vontade, enfim, todos fazendo a sua parte, tudo pode ser possível, sem que ninguém perca nada, e nos detalhes, promovendo, inclusive, a reeducação dos povos indígenas, aos poucos integrando-os na sociedade dita civilizada. Nunca, porém, com a discriminação dada a esses homens, mulheres e crianças, como está acontecendo hoje. Não é com o nosso desprezo que resgatamos esses povos e lhes promovemos o progresso intelectual e moral, que é a lei de Deus. É dando-lhes azo para que isso aconteça ao natural e por seu livre arbítrio.

Senhores alunos, pais e público presente. Desde que descobri que através da escrita eu poderia deixar minhas idéias plantadas em livros, agora e quando já tiver partido desta vida terrena para o plano superior da vida futura; deixar algo de bom e justo para ser seguido no dia-a-dia dos seres humanos encarnados, este romance já ocupava minha criação. Só demorou muitos anos até que achasse a fórmula correta de abordar o assunto. De modo que, não foi por um arroubo de escrever qualquer coisa para preencher páginas e páginas com um assunto que nada tivesse de planejado. Neste livro está o que realmente penso e respeito sobre os temas tratados. Peço que leiam com atenção e carinho e, se possível e quando possível, ponham alguma coisa em prática nesse sentido. Não escrevi este romance só para que haja mais um título novo na praça tendo como autor Afonso Martini. Foi para transmitir aos queridos leitores o que todo homem de bem já traz no mais recôndito cantinho da razão e, por ditames de consciência da nossa sociedade e ainda, pela própria cultura do povo brasileiro, foi desvirtuado em favor da política de boa convivência, não foi possível, ainda, abraçar a causa abertamente.

Agradeço de todo o meu coração e de toda a minha alma o carinho com que fui acolhido pelo corpo docente e discente da Escola Básica Estadual Lara Ribas, dando-me oportunidade de estar aqui para este ato de relançamento de “A FAVELA ENCANTADA’.

Sou muito grato a todos que, num gesto carinhoso e, quiçá uma pontinha de orgulho, por estar este velho escritor residendo em seu bairro, subscreveram o “bilhetinho” transformado em quadro que enfeita este recinto. Agradeço, em especial, às professoras Odete, Anelise, Carmem e Angelita e aos demais professores e professoras que colaboraram com elas. Presumo que tenham sido elas as mentoras dessa carinhosa homenagem. Peço uma salva de palmas para este menino Adilsom que, logo ao saber que alguém teria que ler minha fala por motivos de dicção, por ser difícil ao grande público entender minhas próprias palavras, ofereceu-se incontinenti para essa tarefa.

MUITO OBRIGADO A TODOS.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 12/11/2009
Código do texto: T1918940
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