Alberto Caeiro Pessoando
passeio nos inventos contados em primeira instância. Preciso de silêncio para criar com substância, e o caminho nem sempre se mostra sem interferências. Ao som de sílabas paroxítonas propaga-se o eco sentido no instante quadro: tela cheia vida a fora!
Entre originalidade, plágio ou versão, no mesmo intento inverto sonhos pintados à óleo. Uso pincéis de cera, esfumaço... dou meu brilho fosco. Tenho outras vontades que não aquelas de sorriso fácil, nada é pro outro. É tudo pro meu egoísmo inato! Tudo pra satisfazer o Narciso em meu peito.
Cada vez mais perto, punhais de prata desenbaianhados... de verdade alguma coisa faz sentido nisso tudo? Se ao mínimo soprar de um vento quente se desfaz um universo inteiro. Decifra-me e devoro-te, semideus! E isso não é uma opção!
Desejo fazer! Fazer apenas; nada mais que isso. Despretensiosa e gratuitamente percebo a dança... danço.
Dança comigo?
Do seu jeito, vai! Eu acompanho!
Posso até colorir teu fosco brilho, mas isso será uma opção sim, meu caro! E não me venha bradar rumores apoteóticos de uma imortalidade desacreditada por mim - se não tenho o costume de enganar-me, coração, porque o faria contigo?!
Não. A idéia é pintar. Pintar dançando qualquer coisa que dê prazer e possa ser recriada a todo tempo. Repito: não acredito em imortalidades... faço.
Faça!
Façamos, todos ao mesmo tempo, sem agressões.
Mis-tu-re-mo-nos.