original ou cópia?

ORIGINAL OU CÓPIA?

Certo homem que gostava de relíquias antigas, comprou uma casa velha, de mais de um século conservada. Muitas coisas a serem consertadas. Tudo teria que ser pintado de novo. Esse novo proprietário era psicólogo, curioso ao invés de pintar as paredes, resolveu raspá-las cuidadosamente para saber se descobriria quantas vezes essa casa tinha sido pintada. Raspou a primeira cor um amarelo sujo, debaixo dele surgiu um verde mais velho ainda, raspou-a também. Cada morador havia coberto a cor interior com uma cor nova. E assim ele foi indo com sua lixa pacientemente, camada por camada, até encontrar a cor original. E para sua surpresa o que o encheu de alegria. Mais bonito que qualquer tinta: madeira linda, com nervuras formando sinuosos arabescos cor castanha, um lindo marfim assim o houvera descrito.

Comparei aquela casa com a vida de muitos de nós. Ao nascer somos a madeira original daquela casa, madeira de marfim pura. Mas logo começam as demãos de tintas das pessoas que passam pelas nossas vidas, e pintam segundo suas preferências: Todos são pintores, pais, avós, professores, tios, padres, pastores, até que o nosso corpo desaparece. Usam duas ferramentas para isso: pincel, e tintas. O pincel é a fala, e as tintas são as palavras. A fala comunica as palavras, entram em nós como dardos no alvo, e logo estamos cobertos de tatuagens, ou seja: Somos o que as pessoas desejam, e não o nosso desejo de ser, vamos perdendo nossa identidade, construindo um mundo que nunca desejamos para nós, que foi formado pelas pinturas dos outros. O escritor Rubem Alves diz: O caminho para Deus começa com o esquecimento de todos os nomes que nos foram ensinados. Deus não se vê diretamente. Só através de espelhos. Bons espelhos não têm memória. São vazios. A gente sai da frente deles, e prontamente de nós se esquecem. Se tivessem memória eles guardariam o nosso rosto, mesmo, na nossa ausência. Uma outra pessoa que chegasse e desejasse ver o seu rosto só veria uma imagem borrada, mistura de rosto dela e do meu. Leitor quantos anos de sua vida você tem passado sem se olhar no espelho? Ou seja: Será que você é a pessoa que gostaria de ser? Ou está precisando de como aquele homem, que lixou as paredes de sua casa pacienciosamente, até chegar ao original, onde é o ideal, ou irá continuar sendo cópias de outros? Para finalizar quero citar as palavras de um grande psicólogo o pai da psicologia analítica Carl G. Jung "Todos nós nascemos originais e morremos cópias." --.

jafjaf
Enviado por jafjaf em 24/07/2009
Reeditado em 24/07/2009
Código do texto: T1716968