Manifesto hugusgalvianus
Passos dado sem cuidado, vão formando o antes sem forma numa construção delicada do ser. Viver no mais alto grau dos degraus que aos poucos aparecem em frente sem mostrar o fim, mas desvendando-se a cada instante de ascensão, faz o percurso com curso oculto talvez doloroso demais para suportar. Contudo guarda surpresas e experiências antes talvez inimagináveis se tornam concretas, fazendo seu papel na história livre e descompromissada com o que verdadeiramente importa na vida. Vida bendita sem ditar nada, ou quase, não prevista e sempre que pode revista, denota a capacidade de transformar a si sem precedentes. Atenua uma visão exterior turva demais para quem está fora; outrora o interior visto por aquele a seguir paulatinamente e sem vestígios lícitos de um plano bem calculado, é cada vez mais aberto a susceptíveis traços de sobrevivência real e espiritual, sensivelmente entrelaçado com o ambiente por vezes deveras variado e desvinculado de qualquer interesse anteriormente querido. O nascer de um contínuo estado de sentir-se vivo, na efervescente arte de estar livre, estreando um novo estado sentimental diante dos eventos que se sucedem um após o outro, promove saborosamente a verdade a qual é possível conhecer. E só ela, a maior vilã de todo afã humano, não se mostrando descaradamente, mas doando-se pouco-a-pouco a quem de fato muito a anseia, é quem pode não depois de irresistíveis dores e sofrimentos, decepções e fracassos, erros e desvios de caminho, desvelar-se.
Procuro então a intenção primeira ou aquela próxima a esta, da qual a origem de tudo adquire uma magia provocadora de um reencontro. Donde tudo começou? É promiscuo o tempo de descobrir? Para que chegar a um futuro brilhante se o esplendor do passado ainda tem muito a ser descoberto? Subir pelos degraus meticulosamente postos à frente seja lá por quem, vislumbrando a via condutora das etapas seguintes, faz-se primeiramente necessário, para só em seguida permitir a si mais realidades outras e especialmente tão enfeitiçadas como dantes. Assim permito viver um presente vivente, contundentemente real e fantástico; atraindo para si como um imã dissipador de energia negativa e reservando a positiva, o passado rico em experiências sensíveis e extraordinárias; com o foco desfocado, localizando o instável Encontro parcialmente e magistralmente preeminente e ao mesmo tempo desvinculado de qualquer estação ocasional à priori. Tudo no seu ambiente temporal e espacial atemporal e nos mais diversos lugares. Sem dúvida o questionamento se existe algum sentido nisso tudo é posto à tona, mas por que se desgastar com a desconfiança se é possível peregrinar?
Resisto a um presente (tempo) sem presente (objeto) recheado de surpresas. Persisto nos resquícios de insanidade ainda atuais nos pensamentos que rapidamente se apresentam e muitas vezes são irresistíveis. Dos poucos promotores de ações, outros tantos em sua maioria convergem-se e digladiam-se para ver quem consegue tornar-se real. Dos raros providos de reações conexas ao possível devido às debilidades do meio e da razão, esses são os mais dotados de legibilidade interior; não podem ser visivelmente reconhecidos, não possuem atrativo na primeira impressão insensorial, nem dão presságio de sua chegada eminente. São docilmente, delicadamente e freneticamente postos mesmo assim: na cara, atirados a todos os sentidos corpóreos, de várias maneiras e se reformulando a todo instante, anseiam chamar a atenção para si. Pena reconhecer após temporadas de cegueira aguda que o cordão umbilical do mundo material, prisão do ser o qual não consegue ir mais além, ainda está repreendendo e aprisionando todos os esforços de enxergar com os “olhos do espírito” o maravilhoso universo das possibilidades e relacionamentos.