UM AMIGO ILUMINADO...

“Era de tarde; o crepúsculo descia sobre a crista das montanhas e a natureza como que se recolhia para entoar o cântico da noite; as sombras estendiam-se pelo leito dos vales e o silêncio tornava mais solene a voz melancólica do cair das cachoeiras. Era a hora da merenda em nossa casa e pareceu-me ouvir o eco das risadas infantis de minha mana pequena! As lágrimas correram e fiz os primeiros versos da minha vida, que intitulei – “As Ave-Marias: A saudade havia sido a minha primeira musa. (Cassimiro de Abreu).

Por mais que pensemos em fazer uma grande homenagem a este amigo de muitos anos, o único caminho perfeito que encontramos como argumento é iniciarmos nossa jornada com um poema que expressa a saudade dos tempos de criança e que aborda sobre essa prece maravilhosa intitulada: A Ave Maria. Assim, enquanto entoa esse hino maravilhoso da fé, podemos buscar a inspiração que vem dos Céus para podermos prestar uma homenagem à altura de nosso grandioso amigo.

O Jorge Batista é daqueles amigos raros que conhecemos e não queremos mais vê-lo longe, porque reúne na sua personalidade elementos de grandeza que cativam e que se renovam quando o sentimos por perto, por isso muitas vezes nos tornamos até um pouco egoísta porque roubamos sua atenção para fazê-lo um portador de nossas fraquezas e de nossas necessidades humanas, porque temos certeza que encontraremos um ombro amigo. Aliás, recentemente circulou um e-mail questionando qual era a parte mais importante do nosso corpo, através de um diálogo existente entre uma mãe e um filho. Muitas partes do corpo foram cogitadas, mas nenhuma delas correspondia ao verdadeiro exemplo que aquela mãe queria passar para o filho. Assim, depois de muita indagação disse a mãe para o filho que a parte mais importante questionada é o ombro, porque é nele que os filhos choram quando precisam da mãe. Isso também acontece com o nosso amigo Jorge Batista, pois ele, muitas vezes já colocou seus ombros para que alguém amparasse sua tristeza.

Falar desse amigo não é uma tarefa difícil, mas também não é algo tão comum, porque deparo como uma complexidade interior que faz emergir um sentimento de ternura misturado com certa dose de dificuldade. Assim, fico refém desse paradoxo, pois tenho muitas coisas para dizer, mas não quero me expressar de forma tão comum, já que tenho de dizer tudo o que penso e tudo o que sinto e isso não pode parecer uma conversa de bar, porque quero dizer algo grandioso e sublime que extrapola minha comunicação singela.

Enfim, para falar sobre este nosso amigo, sinto-me temeroso de não dizer tudo, mas uma coisa eu tenho certeza, pois não preciso esconder uma só linha das palavras e nem uma só idéia do meu pensamento, pois encontro uma estrada de glórias e de conquistas que só enobrece nossa amizade, já que este grande amigo tem nos ensinado onde reside o significado da palavra ética e da palavra honestidade. O Jorge é um homem honrado em tudo que faz, porque sempre agiu amparado no esteio da palavra, pois sempre professou que os compromissos assumidos são dívidas a serem pagas. Assim, na sua história de vida jamais se negou a cumprir com o destino que ele mesmo traçou para a sua vida que era tornar-se alguém e ajudar os outros. Nunca se esqueceu – nos momentos difíceis – de ajudar seus irmãos, seus amigos e principalmente as pessoas carentes.

O momento é oportuno para expor uma mensagem do autor Carlos Torres Pastorino, extraída do site www.dejovu.com/mensagem, no seguinte sentido: “Levante todos aqueles que estiveram caídos em seu redor. Você não sabe onde seus pés tropeçarão. Estas palavras de André Luiz nos alertam quanto ao dever de ajudar a todos que caem, não só física, como moralmente. Não critique quem cair. Ajude-o a erguer-se, tal como você gostaria que fizessem com você, se estivesse no mesmo caso”. Creio que esse pensamento é bem atual e, próprio da personalidade de nosso amigo homenageado, pois jamais tivemos notícia de que o Jorge se negasse a dar a mão a quem estivesse precisando do seu apoio.

O pai do espiritismo Allan Kardec (doutrina adotada pelo nosso amigo homenageado) disse um dia: “Deus colocou no coração do homem a regra de toda a verdadeira justiça, pelo desejo de cada um de ver seus direitos respeitados”. Não há dúvida de que tal ensinamento vem sedimentado e enraizado no coração deste amigo, pois não raras vezes o vemos debatendo os direitos humanos em geral, como a discriminação racial, o meio ambiente, a democracia, a ética etc.

Na mesma ótica de raciocínio repriso outra lição de Allan Kardec, quando diz: “Reunimo-nos com o fito de nos esclarecermos, e não de nos distrairmos. Não buscando uma diversão, não queremos divertir os outros. Por isso não queremos senão ter ouvintes sérios, ao invés de curiosos, que julgassem aqui encontrar um espetáculo”. Essa grandeza de idéia também faz parte do caráter de nosso homenageado, que estudou, formou-se em letras, sempre se mostrando interessado pelos temas atuais em debate em nossa sociedade, procurando fazer de nossas reuniões festivas não só um lugar de descontração para os curiosos, mas sim um local de debates e de questionamentos que pudessem engrandecer nosso grupo e fazer com que todos nós pudéssemos interagir com os problemas nacionais e mundiais. Não é por acaso que passamos noites e mais noites dialogando e discutindo muitos assuntos de interesse mundial, principalmente quando relacionados ao meio ambiente.

Foi o Jorge que deu os primeiros passos dentro do nosso grupo, com o alerta de que deveríamos tratar o meio ambiente com respeito, não jogando lixo onde não era apropriado. Foi o Jorge que nos ensinou o senso de Justiça aduzindo que era melhor ouvir mais do que falar tanto. Foi o Jorge que mostrou que há diversidades de personalidade e de pensamentos em um grupo eclético como o nosso e que era preciso respeitar o ponto de vista de cada um. Foi o Jorge que sempre procurou mediar assuntos polêmicos entre nós, tornando-se um elo de intermediação e de bom senso, conduzindo a bom termo alguma discussão.

A humildade sempre fez parte da conduta deste nosso amigo. Lembro aqui uma parábola que colhi alhures em textos de e-mails que me foram repassados e que conta a história de um erudito que atravessava de barco um rio e ia conversando com o barqueiro e lhe fazia indagações que não seriam próprias para um homem sem cultura como aquele. A cada pergunta que o barqueiro não sabia responder o homem erudito lhe dizia: - Que pena! Você perdeu parte da sua vida, não estudando esses fenômenos... De repente, o barco bateu contra uma pedra, rompeu-se e começou a afundar... E aí o barqueiro perguntou ao erudito – Senhor não sabe nadar? – Não, não sei. – Que pena, o senhor perdeu toda a sua vida... Assim, no sentido metafórico, também o Jorge Batista – com toda a sua humildade – ensinou-nos a remar e a nadar, pois se algum barco em nossas vidas vier a encontrar algum obstáculo todos nós aprendemos nadar come ele.

Sem nenhum medo de errar podemos utilizar o seguinte provérbio como perfil da amizade que nos une ao Jorge Batista: “Um amigo certo que se manifesta nas horas incertas”.

Enfim, sem mais delongas, é preciso abreviar estas emoções, eis que falar desse nosso amigo demandará algumas páginas, até em razão do grande tempo de convívio que nos aproxima. Assim: como não lembrar o Tribunal de Justiça da Cândido Mariano; dos Nagibões incendiados; dos amores de solteiros; das noites que sempre foram crianças; do astro sol que chegava cedo; das serestas; dos encontros futebolísticos; dos acampamentos em Rio Verde; e das viagens etílicas? Foram tantas; as emoções!

Assim, antes de finalizar esta homenagem, declamo parte de uma poesia escrita pelo poeta “Machadinho” que nos leva há muitos desses momentos que estivemos junto com o nosso homenageado:

Anos, meses e dias,

Podem ser computados,

Que somados e multiplicados;

Darão um único resultado:

Nós da confraria.

Nagibões “foram explorados”,

Corações despedaçados,

Amores que se foram;

Nas noites cálidas e frias

Compostas pelo crepúsculo do anoitecer

E pela luz do amanhecer.

Dessa amizade nasceu a confraria,

Dessa confraria nasceu a filantropia,

Dessa filantropia nasceu o amor social,

Desse amor social nasceu Deus,

Desse Deus nasceu nosso espírito,

E com Ele re-carregamos

A bateria da nossa amizade.

São estes os votos que todos nós da confraria e demais amigos desejamos a você Jorge Batista, com a certeza de que você sempre será a nuvem que molhará nossa plantação quando ela estiver ressecada e nosso ombro amigo quando precisarmos de alguém para chorar nossas mágoas.

Desejamos que você continue sendo essa pessoa maravilhosa e simpática, a qual temos orgulho de ter como amigo. E que Deus possa acompanhá-lo bem de perto para que tenha saúde e realize todos os seus sonhos junto aos seus familiares.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 03/05/2009
Código do texto: T1573118