VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - PARTE II

Quando se toma toda a consciência do que se passa ao seu redor, ainda não se sabe o que está por vir. Na verdade, a "ponta do iceberg" não é vista à olho nu, não há tempo nem sabedoria que a torne fácil e desnuda. Sentimos tudo e nos parece esfriar todo o corpo e arder a alma em questões e prazeres esquecidos. Tornamos-nos estranhas à nós mesmas e todas as outras coisas que antes faziam sentido, esvaziam-se de nossa vida!

Após o "choque", as providências. E tomadas de uma a uma, numa prioridade que varia de acordo com o tamanho da surra, a extensão de palavras e injúrias, as mágoas, a quantidade de lágrimas ( ou não ) e a integridade da razão. Sentimento?? Este fica guardado na gaveta. Foi cruelmente aniquilado e por tempo indeterminado. Agora somos apenas seres humanos, mães em potencial e mulheres por imposição. E é exato este o caminho das pedras...e que pedras!!

Quem inventou a união,trouxe por tabela, a separação. Desunião é contrário,não se aplica aqui, não é do nosso dicionário agora,já passou e foi um dos motivos. O que a gente não sabe, não é explicado e não acompanha bula, é que este é um lento e doloroso processo, em que a cada dia, mais surpresas desagradáveis se esparramam e menos de nós vai sobrando pra contar a história toda de uma só vez. Se a gente não tem filhos, junta os pertences e sai logo da agonia. Não lamenta no chão, não cerra círculos, derrete-os! Mas qdo eles existem, há ainda muito mais pra vivenciar desta ausência de nós mesmas, deste abismo que se apresenta eloquente e envaidecido por nos sugar.

A parte que não se entrega, não minimiza as dores, não encerra a voz dos atos e da tocaia infeliz aos nossos méritos, tudo torna noite eterna e se compraz numa vingança incompatível e atroz. Quem apanhou, quem desmereceu , se entrega ao ostracismo e vaga em dias de intranquilidade, medo e tristeza ao ver os filhos amados, serem, um a um, envolvidos numa cruel e absolutamente desnecessária guerra que nos parece cada vez mais irrefreável. COVARDIA!!

Tal qual Anjo em fúria, questiona-se a ausência de suas necessidades, implode o carinho outrora aquecido e descem vertiginosamente as lágrimas infantis. O amor até alí espontâneo, torna-se agora supérfluo para aquele que causa a dor, a apatia e o descaso. Vêem os laudos negativos e escuros de um tratamento dispensado e subterfúgios são absorvidos feito água em esponja e aí coloca-se em "xeque-mate" uma infância iluminada!

A violência doméstica, não só cospe desilusão na mulher vítima, como tbm e certamente se lança sobre os inocentes abrigados ao amor de mãe cujo coração agora é o meão silencioso nesta guerra. Soa o alerta mais uma vez, está lançada a coragem e os passos seguem em frente em busca do embate final,deixando nas trincheiras, mal acomodados, os filhos que nada pediram, pouco exigiram e muito agora arrebatam as sobras do que um dia foi a paz!!!

Numa guerra não há culpados, não existem os vencedores. Há perdas, há abnegação dos que se reconhecem no erro e há sobreviventes. Mas há tbm o medo, o frio e a fome. Talvez não de alimentos físicos, mas espirituais! E quase sempre, aquele que se julga vencedor, não pode desfrutar do troféu e da verdade, precisa primeiro enterrar seus mortos e refazer sua vida. Galgar, um por vez os degraus da nova vida e afastar pacientemente as pedras que irão surgir. Precisa sabedoria e recomeço e não tem tempo sequer de verter as próprias lágrimas. Acolhe o trabalho e enlaça o otimismo. Afinal, sempre haverá um laço, uma flor, uma janela aberta para vislumbrar o novo nascer do sol!!!

E não é que ele nasce para todos, o sol está em cada um ! É que alguns não conseguem perceber o exato instante em que ele se revela à nós!

Beijos doces,

Anjodecristal.

Cristiane Maria
Enviado por Cristiane Maria em 02/05/2009
Reeditado em 27/02/2012
Código do texto: T1572495
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