Nem diferentes, nem iguais
Dados sobre a juventude atual:
• 35 milhões (20,1%) entre 15 e 24 anos;
• 17,8% desempregados;
• 20,3% desocupados;
• 32% abaixo da linha de pobreza;
• 26% com renda equivalente a meio salário mínino;
• 20 milhões desalentados;
• 3 milhões fora da escola (12-18 anos);
• 8 milhões cinco anos atrasados na serie escolar em relação à idade;
• 13,6% analfabetos (15 anos ou mais);
• 15 % estão na cadeia (18-24 anos);
• 32,33% votam (16-17 anos)
Alguns pesquisadores afirmam que a juventude atual perdeu seus ideais e não é ativa "como antigamente". Vem predominando a tendência de comparar os jovens de hoje com as gerações anteriores, o que faz com que pareça que a atual juventude seja vista sempre pela falta, de “participação, de consciência, de expressão política e de engajamento social”. Realmente a juventude atual não é a mesma, nem deveria ser; caso já tenha esquecido antigamente os pais eram mais rígidos, escolas boas, não havia tanta tecnologia, nem índices alarmantes com a saúde. Adolescência (do latim “Adolesço”) significa crescer, desenvolver-se, no entanto como é possível o jovem atual conter os mesmos ideais dos de épocas atrás? O que seus pais fizeram por você, os costumes que vocês tinham tudo mudou e certamente não foi nós jovens atuais que mudamos, mas sim vocês jovens antigos, nossa juventude é conseqüência do que vocês adultos fazem e fizeram. Porque houve essas grandes diferenças entre as duas juventudes? Eis a questão, o que vocês queriam era valorizar a voz do jovem, esquecendo que nem sempre nossa vontade pode ser conquistada no grito, deixando de lado o mundo em volta e lutando por ideais que eram levados pela maioria; criticar é fácil, comparar dados mais ainda; difícil é ter a certeza. Não critico a sua juventude, pois não sei no que ela foi baseada, nem critique a minha, pois não sabe no que ela está sendo baseada.
Faço parte de uma juventude que vive em um tempo “distante“ das grandes utopias transformadoras, essas meras causalidades fazem de vocês grandes heróis que hoje adormeceram e passaram a responsabilidade para nós, colocando em nossas mãos todo e qualquer problema existente até mesmo o aquecimento global, a política, a escola, o preconceito, entre outros. No Brasil a juventude está ligada a questões como violência, uso de drogas ou com algum comportamento juvenil classificado como exótico, ou seja, o jovem geralmente é objeto de estudo quando de alguma forma se torna “problema ou espetáculo”. Nesse sentido, há um “certo desconhecimento” desta nova geração de jovens, o que representa dificuldade em entender a mídia gerando quase sempre especulações que enfatizam atitudes e valores negativos. A experiência tem demonstrado que, na luta contra a pobreza, uma abordagem integrada com a participação juvenil se faz necessária e pode desencadear resultados positivos. É preciso buscar intervenções interdisciplinares nas áreas do emprego, saúde e educação, o envolvimento local nos seus vários níveis (planejamento, implementação, tomada de decisão); o envolvimento de diversos atores (governo, empresas, organizações comunitárias, autoridades, ONGs) e a melhoria dos sistemas universais (como educação pública de qualidade). Estes elementos são os verdadeiros pilares do desenvolvimento local sustentável para uma mudança substancial na região.
A juventude tem grande contribuição a dar para qualquer sociedade. Treinando agora as bases da originalidade, criatividade e autonomia, o jovem de hoje tem e terá amplas condições de ser o homem amadurecido do futuro que em tempo correto, aprendeu a temperar o ânimo e encontrar a medida certa das coisas.
As expressões e participações políticas dos jovens sempre estiveram presentes na história de diferentes maneiras, com menor ou maior intensidade. Somos 32% entre 16 e 17 anos que já votam e em 2007 seremos em torno de 48%, devemos levar em conta um estudo recente, realizado com a população em geral acima de 18 anos na qual revela que se no Brasil o voto fosse facultativo, metade desses adultos não votaria nas eleições. Isto é, o interesse do jovem hoje é próximo do eleitorado em geral. Assim tiramos a conclusão que o jovem não perdeu seus ideais e nem é inativo, o que ocorre é uma múltipla desigualdade referente aos índices de escolarização, renda, desemprego, mortalidade, gênero que marcam especialmente as condições de vida dos jovens brasileiros. Pode-se afirmar, desta forma, que os jovens pobres têm se deparado com limites, em alto grau, em relação as suas possibilidades de acesso ao primeiro emprego e de continuidade dos estudos; criando barreiras para construção de novas perspectivas, além de um o sentimento de frustração, desânimo e falta de futuro, em que eles se vêm excluídos da sociedade sem ser apresentadas chances para sua existência, sendo fechadas janelas, vidros de carro, portas; eles não querem morrer de fome, nem deixar sua família morrer, muitos vedem balas, outros enceram sapatos, limpam vidros de carros, outros sem ver saída parte para furtos, para as drogas e demais. Vendo o Brasil ser o quinto País onde jovens morrem assassinados, enquanto tivermos esse abismo social e a falta de políticas públicas de largo alcance e profundidade, não reduziremos os altíssimos índices de homicídios que vitimam os jovens.
Pertenço a 5ª maior população de jovens do planeta, os dados são do IBGE. Nunca tivemos tantas pessoas nessa faixa etária no mundo e esse fenômeno, fruto do baby boom da década de 80, ocorrerá pelo menos até o ano de 2010. No entanto, esses milhões de jovens ainda não têm garantidas suas necessidades básicas. Agora pense se os nossos caminhos, as nossas escolhas, e tudo o que dizem de nós jovens atuais é realmente culpa nossa e não de uma sociedade formada por heróis pais e mães que já adormeceram e persistem em colocar a culpa em nós; exigindo atos e comportamento adultos qual eles deixaram de ter a muito tempo para tão somente criticar e falar o que é certo ou errado; devemos de uma vez por todas, adultos, velhos e crianças parar de sobrepor-se melhor que o outro, deixar a comparação de lado e passar a caminharmos sem certo, sem errado para um futuro onde heróis não tirem sonecas e concedam a responsabilidade para futuras gerações.
Temos uma variedade de caminhos a trilhar, uma variedade de dúvidas, uma variedade de ensinadores, uma variedade de criticas, uma variedade de perspectivas, uma variedade de vontade, temos um mundo pela frente, na qual caminhos aleatórios tornaram o futuro belo e digno de sabedoria, formará jovens em descobrimento, adultos em heróis, crianças em alegrias e idosos em sábios. Não importa quantos caminhos, nem quais os caminhos o jovem andará para ver o Sol, mas sim que ele verá o Sol. A vida é caminhar...