Homilia na Ordenação do Pe. Weber
Homilia na Ordenação Presbiteral do Diácono Weber Sivirino da Costa
Vila Sertaneja, Município de Uirapuru - Go., 22 de fevereiro de 2009
Por: Dom Adair José Guimarães
Bispo de Rubiataba-Mozarlândia
Estimado Dom Carlinhos, presbíteros, diáconos, religiosas e seminaristas,
Estimada Dona Maria, mãe do novo padre e demais familiares,
Prezado Dorcino, Prefeito Municipal, vereadores e demais autoridades políticas,
Visitantes de outras dioceses e comunidades diocesanas aqui representadas,
Amados irmãos desta comunidade, Povo de Deus aqui presente.
Deus é bom!
1.A ordenação de um novo padre é a maior festa de uma diocese e a maior alegria para o coração do bispo e do povo que espera pela assistência do novo padre. Deus seja louvado por esta hora, por este dia e por este momento que o nosso Diácono Weber se apresenta para dizer o seu “ad sunt”, aqui estou, para receber da Igreja, pelo gesto apostólico da Imposição das mãos do Bispo, legitimo sucessor dos apóstolos, a ordenação presbiteral para exercer “in persona Christi”, na pessoa de Crist, o sacerdócio católico.
2.Deus reúne nossa Igreja Diocesana nesta tarde ao redor deste altar de esperança para confirmar seu amor por nós e nos dar a certeza que nunca nos abandona. Nesta ordenação sintetiza-se o conjunto harmonioso das orações incessantes de todos nós pelas vocações. “Pedi e vos será dado, batei e ser-vos a abertas as portas” . Quantas orações do nosso Bispo Emérito, Dom Carlinhos, dos nossos padres, religiosas e consagradas, agentes de pastoral, seminaristas, Pastoral Vocacional, enfim, de tantas pessoas anônimas que rezam pelas vocações. A ordenação é o resultado deste incansável e abençoado esforço.
3.Querida juventude aqui presente, como Deus ama vocês e os quer. Nestes dias de pecado, como o Senhor tem vigiado pela santidade de cada jovem de nossa Diocese para que não se percam nas espessas trevas do erro, da ignorância, dos vícios e da morte. Vocês, jovens, que estão aqui são a esperança da Igreja e uma grande alegria para mim e para o novo padre que agora será ordenado. Assim como Deus chamou o Diácono Weber para ser seu discípulo servidor do Povo de Deus, ele chama cada um vocês, moças e rapazes, para dar um sim total a Deus. Nestes tempos difíceis e nocivos à fé dos jovens, muitos têm sentido o chamado do Senhor e testemunhado.
4. O Sacerdócio Católico, foi divinamente instituído e querido por Jesus Cristo. “O mesmo Senhor, porém, para que os fiéis formassem um só corpo, no qual ´nem todos os membros tem a mesma função`(Rm 12,4), constituiu, entre alguns ministros que, na sociedade dos fiéis, possuíssem o sagrado poder da Ordem para oferecer o sacrifício e perdoar os pecados, e desempenhassem publicamente o ofício sacerdotal em nome de Cristo a favor dos homens. E assim, enviando os apóstolos, assim como ele tinha sido envidado pelo Pai, Cristo mediante os mesmos apóstolos , tornou participantes da sua consagração e missão os sucessores deles, os bispos cujo múnus de ministério, em grau subordinado, foi confiado aos sacerdotes, para que, constituídos na Ordem do presbiterato, fossem cooperadores da Ordem do Episcopado para o desempenho perfeito da missão apostólica confiada por Cristo” . “Portanto os presbíteros são chamados a prolongar a presença de Cristo, único e sumo Pastor, atualizando o seu estilo de vida e tornando-se como que a Sua transparência no meio do rebanho a eles confiado” .
5.Do presbítero, padre, Deus espera uma resposta permanente ao chamado. Para tanto a Primeira Leitura de hoje nos ensina que “prestando atenção à sabedoria e inclinando o teu coração ao conhecimento da prudência “ o sacerdote obterá o precioso dom da sabedoria, indispensável para se viver bem o ministério. A sabedoria é o alicerce para a fidelidade duradoura do padre. A fidelidade, uma virtude tão esquecida em nossos dias, sempre esteve nos lábios dos judeus piedosos que com o salmista, no crepúsco da existência vivida na fidelidade cantavam: “Mesmo no tempo da velhice darão frutos, cheios de seiva e de folhas verdejantes; e dirão: É justo mesmo o Senhor Deus: meu Rochedo, não existe nele o mal!”. Que bela é a vida do padre que chega à ditosa idade vivendo a fidelidade no seu ministério.
6.A fidelidade do sacerdote, hoje mais adequadamente chamado de presbítero, deve ser buscada e vivida com fervor como nos exorta o Apóstolo Pedro na Segunda leitura de hoje: “Sede pastores do rebanho de Deus, mas de coração generoso; não por torpe ganância, mas livremente; não como dominadores daqueles que vos foram confiados, mas antes, como modelos do rebanho” . O presbítero Diocesano tem como base da sua espiritualidade o Próprio Jesus, o Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas. Ele é o administrador dos bens mais preciosos do Senhor, as pessoas. No Evangelho Jesus nos exorta a sermos prudentes no pastoreio e a compreendermos que as riquezas da nossa vida de padre são as ovelhas que o Bom Pastor nos entrega. O Apóstolo Paulo entendeu e nos deu o ensinamento oportuno para esta nobre missão do padre: “Todo sumo sacerdote, escolhido dentre os homens, é constituído a favor dos homens nas coisas que dizem respeito a Deus” .
7.O Concílio Vaticano II e os ensinamentos dos últimos papas tem sinalizado, estimado Diácono, pontos decisivos para o ministério que agora recebe: os presbíteros, são ministros da Palavra, com o grade dever de anunciar o Evangelho de Deus a todos , indistintamente. São ministros dos sacramentos, especialmente da Eucaristia . Pela celebração dos sacramentos, sobremaneira da Eucaristia, o padre se santifica e santifica o seu povo. A Sagrada Eucaristia deve ser o ponto de partida e de chegada na vida do sacerdote. “é ele quem insubstituivelmente preside à celebração eucarística inteira, desde a saudação inicial até à bênção final” .
8.O padre é também o educador do povo de Deus. “Cabe aos sacerdotes, como educadores na fé, cuidar por si ou por outros que cada fiel seja levado no Espírito Santo a cultivar a própria vocação segundo o Evangelho, à caridade sincera e operosa, e à liberdade com que Cristo nos libertou” . Ademais, o padre do pós Concílio Vaticano II, inserido na Igreja da América Latina, uma Igreja vibrante e aberta ao novo do Espírito Santo, não pode se fechar no individualismo clerical e no autoritarismo de uma missão fechada em forma de gueto. Ele não é padre para si, mas para a Igreja. Assim, caro Diácono, seja aberto ao relacionamento com os presbíteros da Diocese, do Centro Oeste, do Brasil e da Igreja toda.
9.Vale também lembrar a importância do bom relacionamento do padre com o seu bispo e com todo o presbitério. A comunhão, ou koinonia, é uma restauração dos novos tempos da Igreja. Sem comunhão não existe vida de igreja. O padre que se isola, se retrai ou se coloca à margem da comunhão causa um grande prejuízo ao processo de santificação do Corpo Místico, a Igreja. Vale a pena ser um padre feliz, humilde, com grande capacidade de relacionar-se com o povo, como os seminaristas e vocacionados, com as religiosas e com os irmãos no presbitério.
10.A conferência de Aparecida valorizou o ministério dos presbíteros, quando os bispos se expressaram enfaticamente: “Valorizamos e agradecemos com alegria que a imensa maioria dos presbíteros vivam seu ministério com fidelidade e sejam modelo para os demais, que separem tempo para sua formação permanente, que cultivem uma vida espiritual que estimule os demais presbíteros e seja centrada na escuta da palavra de Deus e na celebração diária da Eucaristia: “Minha Missa é minha vida e minha vida é uma Missa prolongada!” . O Documento, igualmente, como em tantos outros, valoriza o celibato sacerdotal como grande oferta a Deus como serviço de amor indiviso. O Saudoso Papa Paulo VI inicia sua encíclica sobre este assunto afirmando categoricamente que “o celibato sacerdotal, que a Igreja guarda desde há séculos como brilhante pedra preciosa, conserva todo o seu valor mesmo nos nossos tempos, caracterizados por transformação profunda na mentalidade e nas estruturas” .
11.O segredo para um ministério fecundo e com grande sucesso se encontro na profunda intimidade com o Senhor. Celebre com amor a sua missa e zele pela liturgia esmerada e profunda como nos pede a Igreja. Leve sempre consigo a Liturgia das Horas, o breviário, e nunca deixe de recitar as principais horas desta magnânima liturgia diarimaente. Na Liturgia das Horas está a oração da Igreja, é o nosso jeito orante de celebrar a comunhão com toda a Igreja. O padre que perde o amor pela oração e pela liturgia esvazia o seu ministério e facilmente perde a paciência no exercício do seu trabalho. É na oração e na liturgia acolhida e amada, como grande expressão do Mistério, que o padre reúne elementos para uma homilia frutuosa. Não tenhas medo de se apresentar como padre, como homem de Deus, como presbítero, como o ancião na fé.
12.Ao povo de Deus peço insistentemente que reze pela santificação do bispo, dos nossos sacerdotes e pela vocações sacerdotais e religiosas. Amem os sacerdotes como pais na fé. O Diácono Weber dentro de poucos minutos será ordenado padre. Apesar de sua juventude, ele está preparado para ser padre. Portanto, respeite-o como padre. Chame-o de padre e peça-lhe a bênção, pois o padre é pai e tem a missão de abençoar. Particularmente não sinto bem escutar o povo chamar o padre de você ou simplesmente pelo nome. Não se trata de autoritarismo ou de vanglória, mas de colocar as coisas nos seus devidos lugares. O padre é padre e como tal precisa ser amado, tratado e acolhido para que também ele possa bem acolher. Ao clero diocesano peço que acolha o neo-sacerdote com amor e o ajude na caridade a se inteirar de sua missão e a inserir-se objetivamente no presbitério.
13.Enfim, Caro Diácono, seja bem vindo ao Ministério Presbiteral. Nossa Diocese espera muito de sua pessoa. Seja um padre simples e pobre, despojado e humilde, sem apegos às coisas que impressionam os sentidos, mas são passageiras, ame a todos, mas tenha sempre uma predileção especial pelos pobres, pelos doentes e idosos, pelos esquecidos e abandonados, pois eles são os pobres do Evangelho que nos precederão no Reino dos Céus, nunca se envolva com a política partidária, pois seu partido será sempre o da evangelização; tenha sempre cuidado com as agremiações políticas, pois este ambiente é perverso, marcado pela falsidade e pela mediocridade e facilmente o padre se encanta por estas aparências que esconde o veneno que pode matar a espiritualidade e o amor sacerdotal. Viva seu celibato com alegria e saiba se conter diante das tentações do prazer oferecidas pelo mundo, a exemplo de Jesus Casto, seja “todo de Deus e todo dos irmãos”. Evite os apegos afetivos e saiba agir com prudência nesse campo. A sua obediência à Igreja, ao papa, ao bispo diocesano e a comunhão com o presbitério lhe possibilitará um canteiro de paz no seu coração, pois a obediência foi também vivida por Jesus.
14.Que a Virgem Santíssima, Nossa Senhora da Glória, padroeira de nossa Diocese, interceda por ti, pois ela é a Mãe dos Sacerdotes. Assim como ela acompanhou o seu Filho, Sumo e Eterno Sacerdote, te acompanhará em todos os momentos de sua vida, nas alegrias e nas dores. Nunca se esqueça dela e tenha sempre o terço contigo e piedosamente o recite, pois o mesmo é uma arma preciosa contra o desânimo e a acídia. “Assim a simples oração do Rosário marca o ritmo da vida humana” e deve da mesma forma marcar nossa vida de sacerdotes. Amém.