Pouco importa por onde andarei
Se as pedras nos caminhos
Afastaram pra bem longe do coração
Quisera ouvir o meu nome
Saindo com seu som
Nunca imaginei ser o espinho
Não mais pra se lembrar
Desse seu jardim em flor
Não há o que lamentar
Se tudo fui como falou
Nem merecia mais viver
A seu lado ...
Nem lembraria sequer
O que de bom que aconteceu
Fui rude, tolo, grosso
Áspero, grotesco, desumano
Pereceu mesmo antes de nascido
Agora verdadeiro
Saio sem rumo
Sem rota, perdido
no espaço vazio
Busco um caminho
Ainda não enxergo um horizonte
Sei que é tranqüilo, sereno e de paz
Talvez até sem volta
Talvez nem caminhe dez passos
Talvez nem sei caminhar com as próprias pernas
Minhas perdas estão dispostas
Mais que eu relatar possa
Fica pra traz, o que de bom
Lembro apenas e assim vou levar
Comigo no peito guardado
Lembro ainda das músicas
Dedicadas que depois desse tempo
Soaram como tolas, inconstantes
Talvez o maior erro foi querer
O que não era nosso
O que foi prometido
O que foi mencionado
Talvez cheio de incertezas
Cheio de perguntas
Nada do que foi vivido
Foi real, nem a lua
Nem as estrelas que emolduraram
Esse quadro, essa pintura
Ora acabada, denominada
Nossa vida contada
Em duas linhas apenas
Acabou o que nunca aconteceu
Nem mais nos conhecemos