DEMOCRACIA SOCIAL: Utopia e Possibilidades
A construção da Democracia Social é tarefa do todo conjunto de indivíduos.
Dimas
A inexistência de um projeto genuinamente – Brasil para os brasileiros, a permissividade com o capital estrangeiro, a promiscuidade das relações internacionais com os interesses nacionais respondem – em parte –, o porquê de o nosso país não ter até o presente momento conseguido alcançar no meio social índices igualitários do desenvolvimento democrático assemelhado aos patamares existentes na nossa democracia política. A luta, continuada e historicamente conquistada da democracia política brasileira reflete em última análise a capacidade de indignação de resistência e de desprendimento do nosso povo que em momento algum retrocedeu do ideal democrático, pagando por isso elevado tributo – mortes, torturas, desaparecimentos –, em nome de uma causa tão nobre.
De costas para o povo e para o Brasil, a elite burguesa governante do nosso país sempre demonstrou traços de debilidades e incompetência no trato com os interesses de natureza pública e em especial com as camadas populares. Pontuado por bolsões de miséria e muita pobreza plural em todos os recantos do nosso país, a nossa elite em tempo algum respondeu a contento às demandas e disparidades sociais; organizada no que podemos chamar de herança maldita – que remonta o perfil e modelo de colonização a que o Brasil foi submetido -, este ranço histórico pode ser um dos nortes interpretativos possíveis com vistas às colossais desigualdades existentes em nosso país. O crescente e desenfreado processo de favelização, violência urbana, inexistência de um programa de reforma agrária, o déficit habitacional, uma política governamental federal pautada no assistencialismo e um comprometimento mais que cúmplice dos governantes com a classe hegemônica política e econômica do nosso país, são alguns dos pontos de estrangulamentos das relações sociais no Brasil que acabam por desembocar numa relação de domínio e exploração.
As classes trabalhadoras populares nada têm a comemorar; sobram a esses seguimentos tomar a sua história, e reconhecer-se neste contexto como parte integrante de uma relação da qual é e está subordinadamente submetida. Subordinação esta que tem a sua própria gênese e germes explicativos como também os elementos internos – dessa dominação -, que apontam para uma possível superação. Pensar numa democracia social ampla no contexto sócio-cultural-econômico-histórico brasileiro é tarefa que em muito encontra ressonância no campo pantanoso da utopia. Ao acaso há pecado em idealizar a mulher perfeita? Se isso é ser o utópico, sou! Entendo que numa luta, independentemente de sua natureza haverá sempre uma boa pitada da componente do sonho e do ideal; quando um seguimento de trabalhadores atinge determinado grau de consciência de classe, da sua condição de explorada e, em função dessa nova visão, reavalia essa mesma condição (de explorada), é nesse momento exato que se encontram os meios e as novas bases de recondução de seu papel e função – isso enquanto classe e atores sociais pertencentes a um universo maior de indivíduos. É um instante em que uma outra luta começa a ser travada: a luta pela condição mais que justa, a condição de igualdade. Uma igualdade que contemple as multi-etnias, as mais diversificadas formas e manifestações culturais-religiosas, as variadas concepções ideológicas, políticas e, sobretudo uma atmosfera isonômica social que oportunize a todos os indivíduos à igualdade de condições para o desenvolvimento pleno de suas potencialidades. Talvez seja essa a tarefa que se nos apresenta para o próximo século.
Dimas: Professor-Pesquisador, Pedagogo, Especialista e Mestrando em Educação