PROGRAMA NUCLEAR BRASILEIRO: Uma questão de soberania nacional ou de submissão?
Domínio, pesquisa e controle de tecnologia nuclear é soberania, o contrário, submissão.
Dimas
Dono de uma posição privilegiada no cenário mundial, o Brasil é a sexta reserva do planeta de urânio; isso implica dizer que o nosso país é possuidor de um dos maiores patrimônios naturais da matéria-prima responsável pela geração de energia do futuro. Noutra perspectiva, é também o nosso país – graças às pesquisas nesse campo –, detentor da tecnologia do ciclo combustível nuclear; do processo de enriquecimento de urânio e produção de artefatos nucleares. O Brasil é a única nação sul-americana e uma das poucas do mundo a conseguir atingir o manuseio tecnológico do enriquecimento de urânio.
A composição dessa matriz energética encontra aplicação nos mais variados campos da realidade nacional, como por exemplo: agricultura, meio ambiente, indústria e pesquisas espaciais. A conquista do domínio do ciclo energético nuclear brasileiro, é produto direto do esforço e competência dos nossos cientistas, estudiosos e pesquisadores; esse trabalho persistente e continuado é a resultante de uma postura de resistência desses profissionais. Essa resistência ganha ares de proibição do governo Collor, quando este assina um acordo TRIPARTITE de salvaguardas com a Argentina sob a coordenação da AIEN (Agência Internacional de Energia Nuclear). Mas é no governo FHC que finalmente – como queria os americanos –, o Brasil assina o tratado de não proliferação de armas nucleares, sujeitando-se às regras e ditames dos países economicamente desenvolvidos, com especial ênfase, ao desenvolvimento dessa tecnologia.
Abortado, o Programa Nuclear Brasileiro é hoje um projeto que encontra domicílio no passado. Quando “optou” por assinar o acordo de não proliferação, nossos governantes optaram por ajoelharem-se perante as economias desenvolvidas dos países de primeiro mundo, muito mais que isso, recolocaram o nosso país na condição de dependência tecnológica, de submissão e conseqüentemente de atraso tecnológico, aumentando enormemente a distância que separa os países detentores de tecnologia nuclear daqueles que foram “privados” de percorrer e dominar tais recursos tecnológicos.
No contexto mundial é hoje o nosso país – com relação ao domínio, pesquisas e avanços de natureza tecnológica concernente à energia nuclear –, um excelente mercado consumidor dependente, o que, segundo a ótica de quem pretende vender as mais variadas formas dessa energia, o Brasil se constituirá num breve espaço de tempo numa fonte inesgotável de consumo desta tecnologia; restando, portanto, ao nosso país a condição última e derradeira de exportador de urânio in natura.
Não levará muito tempo e, aos nossos filhos deixaremos como herança um patrimônio em forma de país chamado Brasil, cujos contornos e atmosfera em muito assemelhar-se-á a uma ilha de currais; onde, passivos, dependentes e obedientes estarão todos eles à espera de meios e soluções para gerirem suas próprias vidas, seus destinos. (Bela herança!)
Advogamos, clara, objetiva e definitivamente a REVISÃO deste acordo (de não proliferação); a CONCLAMAÇÃO dos setores organizados da sociedade civil; a PROMOÇÃO de uma maior discussão com a sociedade e, sobretudo, a RETOMADA do programa nuclear brasileiro.
Domínio, pesquisa e controle de toda e qualquer tecnologia é igual a soberania; o avesso, é SUBMISSÃO.
Dimas: Professor, Pedagogo, Especialista e Mestrando em Educação.