Colação de Grau Bacharelado em Ciências Biológicas
Descrever um sentimento isolado é tarefa muito difícil. Tentar transformar em palavras a mistura de emoções desses últimos dias é quase impossível. Felizmente falamos português e podemos sintetizar tudo isso com a palavra saudade que o Poeta Repentista Ivanildo Vilanova traduziu como, a vontade de ver de novo.
Saudade do convívio diário;
Saudade dos trabalhos em equipe;
Saudade das viagens (que foram tão poucas);
Saudade das aulas;
Saudade das brincadeiras;
Saudade da trabalheira insana em semestres anões. Não questionamos o mérito das greves, mas o ônus foi só nosso.
O tempo passou, mas não nos esquecemos de Lanoso, Sultão e Galega, essas pessoas maravilhosas, fizeram as honras da casa quando chegamos aqui na Rural, no já obscuro agosto de 2001 e que até hoje nos recebem, incondicionalmente festivos, com suas caudas agitadas como a dizer... Sejam bem vindos, vocês são a razão de ser desta instituição... Fiquem à vontade.
Em círculo na sala 10 da Zoologia, tivemos nosso primeiro contato com o Professor Marcos Souto na época Coordenador do Bacharelado que em rápidas palavras disse o que era a Rural, a que se propunha, além de citar vários campos de atuação de um Biólogo, título que conquistamos ao acrescentar detalhes aos conhecimentos trazidos do Segundo Grau e os novos conhecimentos e técnicas aqui aprendidas, que estamos autorizados e acima de tudo convocados a por em prática, pois não se concebe um Biólogo mofando na inatividade.
O campo é o nosso local de trabalho porque a vida acontece lá fora. E é lá fora que estão as pessoas que precisam dos benefícios dos nossos conhecimentos. Foram elas que custearam, através de impostos, a nossa graduação. Portanto deve ser para o bem delas o fruto do nosso esforço. Devemos isso às gerações do porvir.
Estudar é assumir compromissos, é buscar a verdade onde quer que ela esteja, é sentir prazer em cada descoberta além de ser a maior diversão.
Incontáveis horas em laboratórios, sim!
Aspirar ácaros de bibliotecas, sim!
Leituras sem fim de publicações científicas, sim!
Almejar o domínio máximo do saber, sim!
Mas tudo isso com o objetivo de disseminar conhecimento, rever valores, aprimorar a ética.
O lema de nossa Universidade adverte “SEMEIA E COLHERÁS”, portanto devemos ser criteriosos com o que semearmos, pois a colheita é inevitável. Pensem nisso antes de semear a segregação, a discórdia, a desconfiança, o desamor...
Buscar a cada momento a realização dos nossos ideais não nos dá permissão para utilizar meios escusos para obtenção de vantagens, permissão para galgar títulos ou reconhecimento público pelo que sabemos não sermos merecedores ou permissão para assumirmos postos e compromissos para os quais não temos talento nem preparo.
Nós sabemos o quanto essa prática é danosa... Nós sabemos os prejuízos que ela acarreta... Nós passamos por isso.
A todos aqueles que tentaram complicar e aos que facilitaram a concretização desse ideal, a nossa eterna gratidão. Há pessoas que, no exercício da profissão, se destacam pela dedicação e prazer com que desempenham cada um dos papeis sociais a que se propõem. Pedro e Neide são dois exemplos disso. Falar do nosso Paraninfo Nicodemos e da nossa Madrinha Vera, é falar de amigos queridos cujas qualidades sobrepõem os defeitos, os quais nem sabemos citar.
Aos pais, nossa palavra de carinho e o nosso reconhecimento porque se a nós cabe o título, cabe a vocês o empenho e a dedicação.
Aos professores, desde a tia da pré-escola que nos ensinou a base da convivência em sociedade na filinha do piuí-tá-tá-tá, até o nosso orientador do Estágio Supervisionado Obrigatório, a nossa gratidão e a certeza de que vive em cada um de nós, um pouco de vocês.
Meus colegas, Esopo em suas fábulas ensina que amor com amor se paga. Nesses quatro anos e meio de convivência vocês me deram muito amor e de mim será o que receberão sempre, enquanto eu viver.
Muito obrigado.
Discurso proferido como orador da turma de Bacharéis em Ciências Biológicas da Universidade Federal Rural de Pernambuco em 2005.2