MUITO ALÉM DA PIRATARIA

Esperávamos o coletivo urbano numa calcada do centro; um carro de som divulgava o lançamento no cinema local e alguém comentou:

“Assistir lançamentos no cinema é coisa do passado! É possível adquirir uma cópia (pirata) no camelô e assistir qualquer filme em casa! – É mais barato, completou!”.

Esse fato simples não está isolado e demonstra que a ilegalidade está oficializada no inconsciente social.

Sendo mais barato, não importa princípios de ética ou moral, muito menos controle de qualidade – os fins justificam os meios (?!).

Moral da história: economizamos alguns centavos ou reais na aquisição de cópias fajutas do produto original.

Não importam as conseqüências a médio ou longo prazo. Independente da situação paga-se um alto preço: sobreviver numa sociedade que despreza integridade e cidadania.

Não defendemos uma receita pronta ou fórmula mágica, mas despertar no inconsciente popular, a noção de que nem tudo que custa menos significa lucro ou benefício à economia doméstica.

Esse princípio - do mais por menos - aplicado à alimentação ou produtos farmacêuticos representaria um prejuízo incalculável tanto do ponto de vista financeiro, quanto a saúde humana (especialmente).

A sociedade pós-moderna avançou qual rolo compressor, na defesa de idéias e princípios questionáveis forjados ainda na metade do século passado visando quebra de tabus (independente de conseqüências).

A mesma sociedade por um lado condena a pirataria. Por outro, multiplica os meios para que se produza pirataria: o alto preço da obra original, a escassez ou inexistência do produto original nos peqenos centros urbanos, o estímulo da mídia à cultura puramente comercial ou a facilidade para encontrar ou adquirir a matéria–prima para cópias...

O esfacelamento ou a fragmentação da família – conseqüências diretas do pós–modernismo, condicionou o ser humano a sentir–se prisioneiro de si mesmo, condenando–o ao abandono e solidão.

Necessitado de “alternativas” para superar os problemas, o homem pós-moderno encontrou na cultura o entretenimento que faltava.

A indústria cultural passou a ser o novo filão para multiplicação do dinheiro e assim, alcançamos o estágio atual de superficialidade que junta o lucro fácil, a baixa qualidade da produção "artística" e a pirataria que, mesmo reduzindo os dividendos, divulga modismos – afinal, muitos dos que consomem pirataria não podem comprar o produto original mesmo...

Chagas dhu Sertão
Enviado por Chagas dhu Sertão em 19/09/2008
Reeditado em 03/10/2008
Código do texto: T1186097
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