A Biologia a as Políticas pela Manutenção da Vida no Planeta
A Biologia a as Políticas pela Manutenção da Vida no Planeta
Hoje vivemos num mundo em que a Biologia atinge sobremaneira a condição de “Rainha das Ciências”, por conta de sua importância intrínseca no que diz respeito aos problemas, às necessidades e às posturas a serem assumidas pela Humanidade. Conseqüentemente, falar de Biologia passou a ser o mesmo que falar de Política Social, ou melhor, discutir as Políticas Públicas que visem às melhorias da qualidade de vida do Planeta e da Humanidade. Senão vejamos: os principais problemas que a Humanidade e o Planeta enfrentam são problemas ecológicos, as principais necessidades da Humanidade são os Recursos Naturais cada vez mais escassos, as principais posturas da Humanidade tem que estar relacionadas às questões Bioéticas, Genéticas, Ecológicas e Sócio-biológicas como um todo. Quer dizer, não há mais como deixar as questões biológicas de lado, esperando uma oportunidade melhor, porque essas são as únicas e verdadeiras questões humanas e planetárias.
A importância da Biologia como Ciência Natural, simplesmente transcendeu o seu limite físico operacional e extrapolou sua meta como Ciência da Vida para alcançar a condição de salvaguarda do planeta e das coisas vivas que nele habitam, inclusive e principalmente o homem. A Biologia tem que ser a responsável direta pela nova ordem social e política do planeta, se é que ainda queremos ter o planeta habitável e, particularmente, se é que ainda queremos ter o planeta habitado por humanos. Desta maneira, nós biólogos estamos, particularmente, fadados à condição de “salvadores da pátria”. Lembrando que nesse caso a Pátria é o próprio Planeta Terra.
Ora, como podemos assumir essa missão, sendo que não temos o Poder para resolver nada e que aqueles que detém o Poder estão dando de ombros e não estão nem aí para os nossos anseios e muito menos para as nossas informações sobre a situação do planeta. Sofremos muito mais que o resto do mundo, porque estamos vendo que o fim está próximo, mas não temos como mudar o resultado previsível. O Aquecimento Global, por exemplo, que agora está na moda, vem sendo falado por muitos de nós há mais de 40 anos, mas ninguém queria saber disso. Sempre foi assim, nunca nos deram ouvidos e sempre fomos votos vencidos. Agora, porém, não temos mais tempo para esperar, pois o prazo já se esgotou e há necessidade premente de salvar o planeta.
Como vamos fazer para colocar a Biologia dentro das ações políticas que coordenam o mundo? Como vamos levar os políticos a ouvir a acatar a nossa opinião? Será que isso é possível? Ou teremos nós, que nos manifestar e nos eleger politicamente para resolver os problemas? Por outro lado, como podemos nos envolver nas questões políticas se não fomos preparados para elas? E como podemos mudar o pensamento da grande massa humana, o qual está arraigado quase que indissociavelmente aos fatores econômicos, para que votem pelos nossos candidatos e pelas nossas propostas que não visam trazer o enriquecimento econômico de nada nem de ninguém? Como demonstrar que existem coisas mais importantes do que o dinheiro? Como sair dessa situação que só nos remete, cada vez mais, ao caos natural e ao fim do mundo? Enfim, como convencer as pessoas de que temos de fato as melhores propostas, ou melhor, que, por mais incrível que possa parecer, somos os “salvadores da pátria” e os “donos da verdade” porque temos as únicas propostas viáveis? Realmente é muito difícil solucionar essa questão. É tão difícil que eu já começo a não acreditar na possibilidade de retorno aos eixos e penso que o fim está muito mais próximo do que podemos prever, embora eu torça para estar errado.
Eu sempre primei pela minha condição de otimista em relação ao mundo e particularmente ao homem. Sempre defendi o humano pela sua genialidade e pela sua capacidade de mudar e criar, entretanto quando vejo um Bush, um Chaves, um Lula e tantos outros idiotas, incapazes, incompetentes e mal intencionados no Poder, tendo chegado nele pelo voto democrático, eu me pergunto: como resolver isso?
A vida no planeta, sobretudo a vida humana, está fadada à extinção prematura por conta exclusiva de ações antrópicas indevidas (males sociológicos), as quais privilegiam coisas menos importantes, que beneficiam pequenos grupos e que preterem a grande maioria da Humanidade. Sinto-me inútil e incapaz de poder realizar o que precisa ser feito, mas nem por isso desistirei de meu intento. O mundo precisa continuar existindo e se a grande maioria dos indivíduos da espécie humana, a única espécie sobre o Planeta capaz de produzir ações para poder manter o mundo vivo, não quer, ou não sabe, ou não pode fazer a sua parte para continuar existindo, então, obviamente estamos muito perto do fim. Entretanto, ainda assim, como biólogo, reunirei o que resta de força e de argumentos para tentar mudar o quadro.
Desta maneira, conclamo a todos os biólogos para que lutem pela salvação do planeta e da vida, pois essa é uma ação política urgente e não é uma briga que pareça ser fácil, haja vista que grande parte dos atuais “Donos do Poder”, embora totalmente inadequados, têm grande apoio popular. Além disso, estamos começando a lutar muito tardiamente e não prometemos nenhuma vantagem individual para quem quer que seja. Assim, parece ser bastante difícil que consigamos reverter o quadro, mas vamos em frente e Deus há de nos ajudar.
Talvez, a nossa ação política no momento atual seja mais importante do que a nossa ação como profissionais da Biologia, porque temos que convencer a Humanidade de que estamos com a razão e de que isso não é mais uma brincadeira apocalíptica, pois queremos efetiva e realmente “salvar o mundo”. Isso mesmo, mudar de postura filosófica, política e “salvar o mundo”, porque se continuarmos como estamos não haverá mais solução para o planeta e muito menos para nós.
Violência, Miséria, Higiene, Fome são palavras que traduzem conceitos de cunho Social, mas cujas causas têm base Biológico-natural e que precisam ser trabalhadas em prol da Humanidade e do planeta. Quando se investe em políticas públicas de meio ambiente se resolve, ou pelo menos se minimiza, a grande maioria desses problemas sociais e a Terra como um todo também sofre menos.
Por outro lado, Riqueza, Poder, Conforto e Beleza são palavras de cunho estritamente sociológico, pois suas causas também são sociológicas e, por isso mesmo, traduzem conceitos sociológicos exclusivos e desta maneira, conceitos antinaturais. Apenas os humanos são capazes de traduzir e entender esses conceitos estritamente sociológicos e, por isso mesmo eles deveriam ser considerados menos importantes porque não interessam ao planeta, nem a grande maioria dos organismos vivos, exceto uma única espécie. A natureza não conhece essas necessidades, pois elas são exclusividades dos humanos.
Será que temos o direito de nos assumirmos como os “Donos do Planeta” e tratá-lo apenas como uma grande fonte utensílios ao nosso interesse?
Nenhuma outra espécie viva tem a pretensão de ser diferente dos seus semelhantes, apenas a espécie humana parece ter essa pretensão e cria categorias distintas de homens por conta desses males sociológicos. O peso que se dá a esses aspectos sociológicos é muito grande para coisas que não têm nenhum valor de sobrevivência para a espécie humana. Aliás, ao contrário, esses aspectos apenas valorizam alguns indivíduos e em contra partida desvaloriza a população, o que é um contra-senso do ponto de vista biológico-evolutivo. Quer dizer, estamos também caminhando na contramão da evolução biológica.
Mas, enfim, somos humanos e queremos continuar sendo. Como não somos deliberadamente maus, é possível que ainda haja algum mecanismo capaz de deter a extinção que se vislumbra. Entretanto, eu estou convicto de que esse mecanismo, se é que existe, só poderá ser acionado a partir de dirigentes comprometidos com a vida e cumpre a nós biólogos tomarmos a dianteira nessa nova proposta de colocar a vida com principal meta das políticas públicas em todo o mundo. Comecemos, desde já, a procurar os candidatos preocupados com a vida e com o planeta.
Biólogos, sigamos avante na nossa árdua tarefa. Convençamos a Humanidade do risco eminente que paira sobre nós e nosso planeta. Demonstremos que chegamos ao ponto crucial de nossa curta existência pelo Planeta Terra e que hoje, qualquer questão é menos importante do que a possibilidade de alongarmos o nosso tempo como espécie biológica vivente. Temos que ser capazes de conseguir atingir esse intento, até porque, como já foi dito ao longo desse texto, parece que isso só depende de nós mesmos.
Luiz Eduardo Corrêa Lima
Lorena, 31 de agosto de 2007