O VÍCIO DA MODA
É fashion, é glamuroso, é extremo, é indispensável, é o que há, é o que sempre deve estar em primeiro lugar! A moda nos últimos tempos tornou-se um hábito tão essencial quanto comer e beber, pode morrer de fome ou sede, mas que seja bem vestido dentro das últimas tendências. Não trata-se mais apenas de vestir uma peça de roupa, o ato é bem mais complexo: a peça tem de ser de acordo com os tempos atuais, e combinar com a imagem pessoal. O conforto é coisa do passado, a beleza é quem manda! Pode estar desconfortável, mas se cai bem, é isso que importa. A verdade é que voltamos a viver nos tempos da ditadura, porém quem manda e impõe as leis não são militares ou generais fardados, mas valores subumanos, futilidades.
O mercado da moda movimenta milhões de qualquer moeda no mundo inteiro. As grandes grifes dependem de seus estilistas loucos que desenham e confeccionam roupas que ninguém usará no seu dia-a-dia. O que se espera, o que se encontra ao comprar uma roupa? Devemos sempre já ter o pensamento marcado, é claro que mesmo olhando e tendo esta certeza, vamos nos deparar com outras várias coisas interessantes, pois entra aí o lado do marketing, de inúmeras opções ao mesmo gosto. Mas a grande ‘roubada’, é entrar numa loja destinado a comprar sem saber o que realmente quer, porque se tem uma coisa que não com combina com o nosso cérebro é pressão ou exatidão imediata, ele precisa pensar, e bastante, afinal de contas para isso que ele foi feito. E afinal de contas, quem dita a moda no mundo? Existe uma teoria, da qual muito se tem a refletir, a seguinte: a moda é feita pelos estilistas de grandes grifes inspirado no que as pessoas passam a usar gradativamente na sua rotina, e então criam peças, coleções e mais coleções, porém repletas de roupas que as pessoas não irão usar, a não ser que seja alguma festa a fantasia ou figurino, e desta coleção criam finalmente algo típico das ruas, para um dia de trabalho, ou em casa, ou numa festa de gala e assim por diante... A partir deste estigma, outra pergunta surge: porque não criam diretamente esta linha casual proposta aos seres humanos no seu cotidiano? Há uma resposta com toda certeza, e além do mais o absurdo inanimado sobreposto aos absurdos animados dos seres humanos é muito conveniente a gostosas gargalhadas. No filme ‘O Diabo veste Prada’, a personagem de Meryl Streep, uma importante chefe de redação de uma revista de moda, dá uma explicação convincente sobre este esquema, mais ou menos assim: na cena que transcorre em seu escritório, sua assistente chega e ri porque Meryl e outra atriz estão em dúvida sobre dois cintos que elas julgam ser diferentes, mas são exatamente iguais, Meryl revoltada com a atitude diz a assistente que veste uma blusa de lã azul: “Do que está rindo? Poderia ser um cinto azul marinho, azul petróleo, ou azul piscina, mas nós precisamos deste tom de azul, e você certamente está achando estes dois cintos iguais porque não sabe que em 2002 uma grande grife inspirada no exército americano criou uma coleção de vestidos azuis, e desta coleção outro estilista fez uma coleção de sobretudos e casacos azuis, uma empresa de nível inferior vendo o sucesso dos casacos, criou uma linha de jaquetas azuis mais baratas do que os casacos e sobretudos, para atingir um maior público, daí então outra empresa ainda mais inferior criou uma linha de blusas de lã azuis inspirado nas jaquetas anteriores, e colocaram a vender em lojas populares, onde você certamente comprou esta blusa que está usando. Então você está rindo da sua própria roupa, porque é sempre assim que acontece.” O filme num todo dá muitas explicações, e principalmente deste vício que é andar na moda, uma roupa vale a vida, não importa o preço, não importa nem mesmo se você gostou, se acha bonito ou não, a mídia manda você usar e pronto, e realmente uma ditadura... Para quem não tem mais nada a se ocupar, para quem não tem imaginação, para quem não tem pudores, para quem não tem conversa, mas um pedaço de pano ao invés da língua, para quem não tem alma, mas um eterno traje, para quem não vive no planeta terra, mas num guarda-roupa.