CASAL DE OURO

“Ambas (ciência e filosofia) se completam no campo das atividades do mundo como dois grandes rios que; servindo a regiões diversas na esfera da produção indispensável à manutenção da vida, se reúnem em determinado ponto do caminho para desaguarem, juntos, no mesmo oceano, que é o da sabedoria” (Mensagem extraída do livro: “Espiritismo Passo a Passo com Kardec” do autor (meu amigo) CHRISTIANO TORCHI)

Começo esta minha narrativa citando esse dogma filosófico porque a vida em todos os seus mistérios reserva para nós seres humanos muitos exemplos de galhardia e de união que nos fazem refletir sobre a importância de se construir a solidez de um caráter e toda a história de luta que pode ser um grande holofote que ilumina a vida das pessoas, assim, tal qual esse casamento entre ciência e filosofia, pode-se dizer que o empreendimento de toda um vida são pequenas vertentes de um rio que vai se unindo na sua trajetória para no final, desaguarem, juntos, no imenso oceano, através de anos de luta e de sabedoria.

Essa questão filosófica me toca o peito e me traz a inspiração para poder relatar a história real de um casal que tem feito desta vida um palco iluminado, através da edificação excepcional de um traçado de existência, demonstrando que as glórias que foram alcançadas estão marcadas por um passado altruísta e de ousadia que merecem nosso destaque, pois não é sempre que temos conhecimento de alguém de origem simples que venceu todos os obstáculos que a vida reserva para ingressar num mundo de sucesso tanto profissional como pessoal.

Sou suspeito para falar sobre este casal que motivou esta narrativa, porque além de estar vinculado a eles pelos laços de afinidade, pois somos de uma mesma família, através da união entre dois conterrâneos que aqui chegaram a Campo Grande-MS procurando novos horizontes e quis a vida ou o destino que estes se encontrassem em frente a uma residência, de mesmo endereço, para desposarem duas irmãs que hoje se unem num laço fraternal de amizade e de respeitos mútuos, cada um constituindo sua prole e plantando sementes que talvez possam germinar ainda mais no aconchego desses dois lares.

Ele, que muitos anos atrás veio para esta Capital para estudar e buscar o conhecimento necessário para poder alavancar um futuro promissor. Até então, a vida não lhe tinha sorrido com toda a franqueza. Embora estivesse crescido entre pessoas de bem e que souberam lhe educar; por absoluta contingência da vida, não pode estar ao lado do pai e da mãe na sua adolescência. Mas tinha plena consciência que a vida é feita de luta e não poderia esmorecer. Estabeleceu-se numa república entre outros que também buscavam uma luz no final do túnel. Foi depois de alguns reversos que a própria vida oferece como molde da personalidade, que Ele começou a trabalhar numa empresa Multinacional que tinha o monopólio dos seus produtos no Estado de Mato Grosso do Sul. Nesse interregno, resolveu contrair matrimônio com aquela que seria seu porto seguro e para a qual reservarei uma narrativa pessoal. Mas sua vida como simples funcionário na dita empresa foi uma história de sucesso; como sempre foi sua vida. Aos poucos foi se constituindo o melhor vendedor e, como resultado, sempre recebia incentivos e prêmios que o levaram o ser o melhor funcionário. Não obstante, mais uma vez a vida se curvou e através de atitudes pouco responsáveis de seu superior imediato – que não valem a pena ser citadas – acabou tendo que se afastar daquela empresa.

Ela, uma moça prendada, criada num lar harmonioso, através da educação velada dos pais, mostrou-se sempre alguém otimista, com dotes para o empreendimento, mas na época de sua juventude sempre levada pelos fluídos da mocidade, tornou-se uma pessoa bem relacionada e com boas amizades; era um moça exuberante e muito bela, de uma postura ilibada, não demorou para encantar nosso conterrâneo, que numa dessas festas que a mocidade oferece, acabaram se enamorando. Lembro-me que logo que a conheci, percebi que se tratava de uma pessoa de muito conteúdo moral, reticente no que fazia, muito solidária e nunca lhe faltou simpatia e discernimento para atender à solicitação de quem necessitasse. Logo se viu que minha cunhada era uma pessoa especial e que teria um futuro cheio de glórias, pois reunia em seu caráter alguns ingredientes que quando unidos se tornam numa mistura de sucesso: como um sorriso franco; uma vontade de crescer como gente; uma determinação em atingir seus objetivos; e sobretudo um vontade de vencer na vida.

E essa mistura deu certo: por um lado, Ele – O menino de Amambai, lutador, feroz, otimista, empreendedor, complacente, leniente, humilde, filantrópico e principalmente com muita disposição para lutar e de visão futurista; de outro, Ela – A menina de Campo Grande, uma leoa, arrojada, rompedora de obstáculos, otimista, empreendedora e de visão futurista, humana, preocupada com a educação dos filhos - acabaram se unindo pelas forças ocultas que Deus estabelece para cada um de nós.

Não deu outra. Sucesso total. Através dessa liga de propósitos, dessa galhardia invejável, dessa sede de vencer, dessa gana de acertar, ambos, em comum acordo, deram-se as mãos mais uma vez, pois a primeira vez que deram a mão um ao outro – foi para colocar as alianças, quando resolveram casar.

Assim, não foi sem muito pensar e muito planejar que logo que meu amigo e conterrâneo saiu da tal empresa que - por força do destino - se desfez de sua competência. Coitada! Não sabia o que estava arrumando para sua própria ruína. Esses pujantes personagens vivos da minha narrativa começaram a construir a maior proeza no mundo dos emergentes que já se viu falar. Iniciou-se, a partir daí, uma nova etapa no mundo empresarial no ramo do produto que eles passaram a desenvolver. Era um simples funcionário de uma potente Multinacional que criava uma empresa de mesmo ramo que iria lhe desafiar “ombro a ombro” naquele mercado que até então era de exclusividade da empresa que o demitiu.

Essa empresa concorrente só foi possível em razão de uma sociedade com dois outros colegas de mesmo infortúnio, que também havia sido despedido da Multinacional. Mas a preponderância de propósitos de nosso casal em destaque foi suficiente para que em poucos anos a sociedade fosse desfeita e vendida totalmente para o sócio mais ousado e otimista.

A jornada começou. Era o Golias contra o Gigante. O Golias – aquele casal de boa vontade – contra aquela empresa gigantesca, de reconhecimento mundial, que dominava o mercado brasileiro. A primeira jornada, ou o primeiro round foi uma luta de um lutador peso pesado contra um lutador de olimpíada (um peso pena). Nas pequenas licitações, o Gigante chegava com preços insignificantes para derrubar seu opositor, pois apostava nas licitações de grande porte e assim podia cobrir custos nesses pequenos certames que eventualmente seriam cobertos num outro certame mais significativo. Chegou um certo momento que o Gigante chegou a menosprezar o fraco Golias. Esse descuido foi quase fatal. É como uma pescaria quando você vai pescar o peixe Dourado; não pode dar muito linha que ele vai embora. Foi isso que ocorreu; deram muita linha para o Golias. Esse lutador destemido e audaz fez seus cálculos, pois precisava dar um imenso pulo, como se fosse um imenso buracão, pois ele teria de correr muito e treinar muito para que nessa correria da sua vida, pudesse até alçar vôo se fosse o caso, mas teria de romper aquela barreira entre um e outro extremo, dando o salto digno do livro dos recordes.Foi assim que nosso audacioso casal da narrativa, alçou vôo para o exterior, dispondo-se de todos os bens acessíveis e necessários, para poder fazer frente àquele imenso obstáculo. O resultado foi aquele que sempre servirá de exemplo para qualquer desafio; quem procura alcança.

Não é preciso dizer que foi um começo difícil. Para dar conta de atender essa grandiosa licitação e nossos amigos tiveram de roer o osso. Eles ficaram até sem o veículo de locomoção. Nosso amigo Golias teve de se socorrer de uma motinha emprestada por um casal de amigos, para se deslocar até seu local de trabalho. Dias difíceis recompensados com a alavancada para o sucesso. A partir daí, o Gigante viu qual era a força do Golias e ao invés de desprezá-lo passou a lutar com todas as suas forças, atravessando seu caminho em todos os locais possíveis. Mas a luta já havia sido vencida e a encruzilhada entre sucesso e a derrota já tinha sido vencida. A partir daí era só trabalhar cada vez mais e isso nosso Golias sempre foi campeão.

Hoje o sucesso do empreendimento é notório e os dias difíceis já ficaram para trás, deixando apenas o pó de uma jornada inquieta, mas de grande significado para nosso casal de amigos que estou citando. Outros empreendimentos se juntam nessa caminhada e tudo corre conforme almejaram.

Mas todo esse sucesso não abalou seus conceitos e seus corações. Continuam semeando bondade em seus gestos. Em todo momento estão estendendo às mãos aos seus parentes. Não custa acrescentar que recentemente Deus lhes favoreceu na sua caminhada lhes concedendo um prêmio vindo de um sorteio, onde receberam polpuda quantia em dinheiro e não se fizeram de rogados, fazendo uma doação quase de mesmo valor para uma instituição de caridade, com uma única ressalva, não divulgar o nome do doador.

Esses atributos são típicos de quem começa do zero. É verdade que muitas vezes um casal tem seus problemas de relacionamento. Isso é normal a cada lar, pois a vida não se compõe apenas de rosas, já que os espinhos acompanham o cheirinho gostoso e as suas abundantes folhas verdes e alguém menos avisado pode se ferir. Mas, nunca, jamais, houve um só atrito em razão das questões materiais. A ambição sempre foi no sentido mais puro possível. Não se vê em nossos amigos aquela ambição de ter somente para ter, mas sim de ter para oferecer; o oferecer para seus filhos, oferecer para seus entes queridos e para todos que os rodeiam.

Escrevo esta homenagem sincera, porque sempre quis expressar essa minha mensagem de agradecimento em nome de uma luta sincera e bem sucedida. Esse exemplo do casal de Golias é uma caminhada a ser seguida. É uma amostra viva de quem quer vencer pelo caminho mais certo, acaba alcançando. Essa conduta ímpar e devotada apenas ao trabalho é algo de grandioso que deve permanecer escrito nos anais de uma sociedade. Se eu fosse político, principalmente se morasse hoje na nossa gloriosa Amambai, faria uma moção de agradecimento esse cidadão amambaiense que conseguiu sucesso sem pisar no pescoço de ninguém, muito ao contrário, dando exemplo de como vencer com lealdade e com humanidade.

Também no seio da família de nossa Leoa faria um busto de reconhecimento a essa gloriosa mulher que não posso dizer o nome em razão do sigilo da mensagem, mas que fez por merecer pela sua coragem de desbravar um horizonte que é todo seu e inalienável.

São meus votos sinceros...

Machadinho
Enviado por Machadinho em 30/07/2008
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