VERDE-OLIVA: A ÚLTIMA FRONTEIRA MACULADA
Sob o aspecto constitucional, o exército brasileiro assume um papel em muito relevante. Segundo tal preceito, é função prioritária assegurar os limites geográficos do país, como também, por extensão, promover a integridade dos nossos irmãos patrícios; não encontrando, portanto, respaldo institucional, menos ainda popular, quando seus fuzis apontam rumo aos seus irmãos brasileiros. O deslocamento de soldados do exército sob o pretexto de promover “segurança” aos moradores do morro da providência escondia outros propósitos: a) promoção pessoal e ou eleitoral, b) pseuda segurança que, assim como começou errado ---pois o exercito brasileiro não é treinado para promover segurança em favelas---, tinha todos os ingredientes para terminar em tragédia. O despreparo dos soldados é apenas um pequeno indício do quanto alheios estão os comandos dos quartéis envolvidos; desconheço, ao longo da história quando e em que momento o exército brasileiro intermediou ou amenizou o selvagem processo de favelizaçao do Brasil; de gaiato e desprovido de preparo, o exército brasileiro entrou nessa esparrela e, em assim procedendo, só confirmou o que todos os especialistas já previam, a falta, a ausência de competência para promover o instituto da segurança.
Fica claro neste episódio com epilogo trágico que até mesmo no cenário de pobreza social, há sempre algum parlamentar de prontidão para tirar proveito da situação em que a maioria do povo brasileiro está submetido. O assassinato de três jovens inocentes é a revelação mais clara da conivência de alguns militares envolvidos com o crime organizado, com traficantes, com a bandidagem e o grupo de extermínio. A irresponsável, inconseqüente e criminoso envolvimento de militares do exército brasileiro com os altos comandos de traficantes, e grupo de extermínio no morro da providência, acabaram por macular, denegrir a imagem que o exercito brasileiro tinha no seio da comunidade, do povo brasileiro. O Estado brasileiro subiu o morro, reconheceu os crimes, admitiu os erros, assumiu responsabilidades; medidas tardias! Como explicar tamanha violência contra três jovens inocentes? Será que a motivação tenha sido pelo fato de todos três serem negros e pobres? Há de se perguntar igualmente, que tipo de preparação, formação, os soldados do exército brasileiro são submetidos?
Abuso de poder, orientação equivocada, seqüestro, execução e mortes, essa seqüência nefasta, arranhou e colocou no lixo a imagem da última reserva moral institucional brasileira: o exército. No lixo também foram encontrados os corpos dos três brasileiros inocentes; no lixo encontra-se a credibilidade, o respeito que tínhamos para com o Estado armado brasileiro.
DIMAS: Professor-Pesquisador, Pedagogo, Especialista e Mestrando em Educação.