Aqui tá tão bom!
É mesmo interessante ver como o tema da religiosidade mobiliza as pessoas. Quanto aos racionalistas, nada a fazer senão render-se a suas razões. Há hoje uma enxurrada de livros para defender a inexistência de Deus. Não há o que discutir. Apenas não vejo consistência em nada disso; as argumentações infinitas para provar o quê?, para si ou para os outros?
Mas é tentador mesmo. Eu gostaria de desenvolver o tema do paganismo, do neo-paganismo, das antigas religiões e das neo-religiões ... Discorrer sobre toda essa aventura humana que é instigante. Mas francamente, tenho preguiça. Este filme eu tenho visto e revisto. Os discursos anti-clericais e anti-religiosos são sempre os mesmos: os ressentimentos sem solução de continuidade, como se todo o lado escuro do ser humano pudesse ser consignado no judaísmo-cristianismo, sem o qual o mundo seria um paraíso.
Ah!!!, que bom se assim fosse. Já estou bem experiente e esperta para acreditar em paraísos na terra, em felicidade sexista e outros dogmas da modernidade. Os argumentos históricos dos discursos anti-cristãos costumam ser sofríveis, mas também não tenho disponibilidade para o debate em nível aceitável. Quem sabe um dia, quem sabe...
Esses ateus ou combatentes do judaísmo e cristianismo, que buscam as raízes antigas das religiões, estão, em geral, posicionados em lugares invejáveis da pirâmide social contemporânea, satisfeitos e felizes em sua urbanidade privilegiada e no contexto modernoso sexista, pelo menos por enquanto.
Quanto a mim, estou satisfeita também com minha vidinha parcimoniosa. E os gays têm meu respeito quando neles vejo motivos para tanto, assim como em relação aos hetero, meu respeito está em conexão com a mesma necessidade de empatia e admiração. A leviandade não me impressiona. Já não me engano mais com miragens no deserto, com delírios de onipotência para determinar que o bom é ruim, o ruim é bom, ou se o cruel é terno e a ternura pode conviver com a crueldade. Esses relativismos não me mobilizam mais.
E só, chega!, não tenho fôlego nem motivação para ser diferente; apenas desejo ser e nada mais; preferencialmente e sempre que
possível, humanamente feliz de estar aqui e agora, vivendo este pequeno paraíso interior onde predomina a gratidão e a satisfação, por meio do perdão a mim e aos que me antecederam e todos os demais.
E seguir sendo exatamente quem sou: anônima, pequena, impotente, limitada - não me apetece delirar com outras vidas: as "reencadernações" gloriosas ou dramáticas. Aqui tá tão bom!!!