LUZES DA RIBALTA
Andamos pelas ruas com a sensação de um imenso palco – a vida seria um dramalhão e as pessoas “socialmente” “bem sucedidas” a platéia que se diverte conosco.
Analisando o sistema educacional, o mundo do trabalho e as relações sociais do mundo contemporâneo, a primeira impressão é de uma encenação medíocre onde cada um faz de conta que representa um papel relevante e, no final todos saem ganhando alguma coisa.
O sistema educacional faz de conta que o mestre é um “sabichão” e o alunado o conjunto da sociedade que está se preparando para “vencer” na vida - muitos docentes estão mais pra "palmatória" do que pra o "construtivismo";
O mundo do trabalho adaptado à nova realidade, continua explorando a mão-de-obra barata em benefício aos donos dos meios de produção que ficaram mais ricos do que antes - o trabalhador se satisfaz com a luta por "reajustes" como se competência significasse dinheiro na mão;
As relações sociais, bastante fragilizadas e superficiais há muito deixaram de ser o diferencial para refazer (o homem estressado e saturado) do caos que é estudar e trabalhar com o objetivo de vencer na vida, e descobrir que, o estudo e o trabalho são importantes sim, mas não essenciais à "ascensão social" - a mesma "elite" faz uso de dois pesos e de duas medidas: tudo dependerá de interesses, algumas vezes escusos e mesquinhos.
Alguém poderia pensar: “E daí?” O que eu tenho a ver com isso?”.
Resposta: Cada um é parte do sistema. É necessário entender que muitas vezes a pessoa se sente vítima do sistema; entretanto, o sistema não é fruto do acaso, mas, constituído por cada ser humano. Portanto, de forma consciente ou inconsciente, somos agentes nesse mundo.
Assim, pense e reflita: DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ?
Outra pessoa poderia pensar: “Não estou entendendo” (?!). “Sou maior de idade, dono do meu próprio nariz, livre pra fazer o que quero...”
Resposta: Vamos pensar num exemplo hipotético: Cidadão “politicamente correto”, cumpridor de suas obrigações, inclusive da jornada semanal de trabalho conforme a CLT – pelo que percebe mensalmente três salários mínimos.
Politicamente correto porque foi um bom filho, dedicado aos estudos, é um bom esposo, bom pai, bom funcionário, bom vizinho, toma a cervejinha com os amigos no final de semana, lava o carro na calcada pra passear com a família no domingo a tarde, é religioso: frequenta uma igreja no final de semana, irá se aposentar pela previdência social, etc.
Alguém pergunta: “Como um sujeito desses poderia ser cúmplice do sistema?”.
Resposta: Não estou dizendo que o padrão dele esteja errado. O problema é que o sistema onde estamos inseridos semeou a idéia de que, a meta correta é esta ao mesmo tempo em que estimula os que “pulam o muro” com o objetivo de "subir na vida" sem necessitar completar os estudos ou submeter-se à uma jornada de trabalho como a maioria da população.
Exemplo:
Nossos filhos sobem na vida porque se esforçam para isso; ao mesmo tempo em que, a sociedade pós–superficial aplaude e “enche os bolsos” de artistas, grupos e “bandas” cujo objetivo é “faturar” em cima da desgraça alheia.
Analise a frase de um INsucesso do momento: “vamos fazer bebê agora, vamos beber”; mais um: “vamos embora pra o bar, beber, cair e levantar”.
Não é a classe “bem sucedida” financeiramente que “enche os bolsos” dessa turma; antes é a maioria que se encontra na base da pirâmide social que – sem refletir sobre o conteúdo da mensagem e sobre o contexto social brasileiro – faz com que essa turma suba os degraus da “fama”.