Moderninha?, eu não!
Os contatos de Ocidente e Oriente são bem mais antigos do que a nossa vã noção moderna - aliás bastante pernóstica - costuma recordar: os modernos se percebem comos únicos a viver a conquista, pela comunicação, das vastidões geográfico-espaciais da civilização, cujo percurso na Antiguidade era apenas mais demorado, mas não necessariamente intransponível. Nada há de incomunicável há muito por ali no Oriente Médio e Ásia. A novidade das conquistas modernas de amplificação das comunicações, o que resulta na nossa globalização, está restrita à integração das Américas ao resto do Mundo.
Os gregos e judeus há muito que dialogavam, assim como os persas
e os semitas, enfim... o mundo antigo tinha também seu viés cosmopolita, bem assimilado pelas elites pensantes. Fica difícil estabelecer qual povo foi mais inventivo ou capaz.
Deixo bem claro: não me impressiona que Jesus não apresente novidades. Mesmo porque o Cristianismo não assenta suas bases sobre a novidade de Jesus - ele foi visto como mais um Rabi pelos seus contemporâneos. E afinal, se foi Ele a encarnação do Verbo, encarnou no seio da Humanidade, que já estava em seu percurso sobre o Planeta há milhares de anos e tinha definida a sua conformação. O Cristianismo se fundamenta no anúncio da Ressurreição, no Querigma, e aí nem vale mais a pena falar no assunto... Já que a racionalidade estrita relega a ressurreição às abominações imaginárias de um paganismo contaminado de mentalidade mágica. Ou mesmo a uma conspiração oportunista para galgar o poder, que só veio cerca de três séculos depois de muito derramamento do sangue dos mártires. O que o cristão busca é a verdade, não a novidade.
Há um cientista brasileiro, um escritor bem accessível, que não almeja a admiração e reverência de pessoas requintadas e que afirma que Jesus não pode ter sido inventado. Aprecio muito a simplicidade de seu discurso - são esses os acadêmicos que sempre despertam minha admiração, aqueles que sabem falar a língua do povo e assim atingem o legítimo objetivo da Academia: o serviço (o que aliás preciso aprender e exercitar). Trata-se de Jorge Cury.
Quanto ao mais, também não estou fazendo concurso para ganhar o trófeu de bem aceita pelos intelectuais e racionalistas. Um exemplo disso é que declaro descaradamente que não consigo assimilar muito bem o budismo, que está tão em voga, e já tenho muito que
compreender com a mística cristã. É a minha cultura e onde estou a vontade.
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