COMO CONQUISTAR A MULHER DOS SONHOS.

 

A Razão Débil e a Verdade do Corpo

Nietzsche desconfiava da razão e a chamava de “débile vontade”. Para ele, há mais razão no nosso corpo do que em nossa melhor sabedoria, porque ele é a própria expressão da vontade de potência.

 

Um corpo saudável só pode produzir um pensamento saudável. Um corpo frágil e doente gera pensamentos igualmente doentios—são os pregadores da morte, aqueles que acreditam em um além-mundo, em realidades supraterrenas. Eles já se cansaram da existência e carregam seus corpos debilitados, apostando todas as suas fichas na alma e no paraíso que os redimirá e recompensará. O homem bom, cristão, é tão hipócrita que deseja ser recompensado por suas boas ações, como a criança que só come toda a comida esperando ganhar um doce em troca.

 

Não sei se a fé move montanhas ou abre mares, mas a razão do corpo e sua vontade de potência são capazes de feitos extraordinários.

 

Prioridades

Enquanto faço abdominais na varanda, observo um homem de mais de 40 anos—talvez pai de família—com uma barriga protuberante, soltando pipa. E essa é sua rotina diária: se deleitar ao cortar os mais jovens na brincadeira.

 

Eu, no entanto, canalizo minhas energias para outra coisa. Reduzo e defino minha barriga, e, enquanto isso, a mulher (talvez a dele) me observa da janela indiscreta de sua casa, absorvida pelo que vê na minha varanda.

 

Prioridades. A vida é uma questão de direcionar a energia para o que realmente vale a pena.

 

A Obra de Arte de Si Mesmo

Conquistar a mulher dos sonhos não é sobre convencê-la, mas sobre se tornar uma versão de si tão idealizada—tão artística—que ela simplesmente não tenha como dizer não.

 

É transformar a si mesmo em uma obra-prima, onde o corpo é a tela e eu, o artista, sou aquele que faz a pintura. Esse dandismo, essa estética altiva, essa nobreza de quem cultua a si mesmo, a beleza e a elegância. A capacidade de surpreender a todos e jamais ser surpreendido. Fazer o mesmo que todos, mas de uma maneira única, completamente diferente.

 

E aí, a mulher que amo não poderá dizer não.

 

O Draft da Vida

Pense em um draft de basquete ou de qualquer outro esporte americano. Quando surge um unicórnio—um jogador raro, que reúne atributos excepcionais—os times correm para disputá-lo. Mas, no fim, é ele quem escolhe onde vai jogar.

 

Eu já fiz minha escolha: minha musa italiana de dois “n” e mais ninguém. Se ela decidir escolher outra opção no draft e me deixar passar, aí já não é mais comigo.

 

Afinal, Michael Jordan não foi a primeira escolha do draft. Nem Tom Brady. Nem Patrick Mahomes. Os melhores, às vezes, não são reconhecidos de imediato.

 

E como identificá-los? Como as universidades e os times conseguem encontrá-los?

 

Simples: pelo histórico.

 

E aqui vai o meu:

 

O Poder da Linguagem

Leminski dizia que o domínio da linguagem permitiu que ele fosse jornalista sem formação. Da mesma forma, foi esse domínio que me possibilitou entender as leis e portarias do Inmetro como um advogado, além de me especializar em certificação eletrônica como se fosse um engenheiro elétrico. Através da leitura e da compreensão profunda das normas, consegui me tornar autodidata e exercer a função com propriedade.

 

De fato, meus concorrentes eram engenheiros, enquanto minha formação era em Comércio Exterior e Gestão da Qualidade. Ainda assim, tornei-me especialista em certificação de eletrodomésticos aos 20 anos. Se meu salário fosse corrigido pela inflação, hoje talvez chegasse facilmente aos dois dígitos. Em 2011, comprei meu iPhone e meu iPad 2 à vista, no lançamento. E tenho mensagens arquivadas no iCloud para comprovar.

 


 


P.S.: Para quem ficou curioso, esses erros de português foram propositais. Antes que minhas inimigas falem algo, já adianto: isso é matéria para outro texto.

 

A Fundação de uma Empresa

Em 2012, saí para montar minha própria empresa de consultoria, junto com amigos. Sempre me identifiquei com Steve Jobs e a forma como ele integrou inovação e estética em sua empresa. É impressionante como os filmes sobre empreendedorismo refletem a realidade.

 

Nossa empresa nasceu na Universidade Mackenzie e no Campos Salles, onde escrevemos o plano de negócios. Sinceramente, se não fosse eu, a empresa não teria existido. Participei de todas as decisões fundamentais e, apesar do talento dos meus colegas, foi minha presença no projeto que garantiu o sucesso.

 

Os sócios eram um bolsista do ProUni no Mackenzie e um rapaz descolado e liberal, que lembrava o Frodo de O Senhor dos Anéis. Sua mãe era assessora do PT, seu padrasto, jornalista, e ele morava em um condomínio de luxo na Granja Viana, um dos endereços mais caros de São Paulo. Muitas vezes virávamos a noite trabalhando lá ou simplesmente íamos dormir depois da balada—e, às vezes, quase aconteciam orgias na piscina. Mas esse texto é sobre como conquistar a mulher dos sonhos, então essas histórias pregressas não vêm ao caso.

 

Estratégia, Estética e Audácia

Fui eu quem criou o nome da empresa, o slogan, as estratégias de marketing, definiu os serviços, escreveu os textos do site e estruturou toda a identidade visual. Sempre tive uma postura agressiva.

 

Foi minha audácia que garantiu que tivéssemos um escritório de co-working na Avenida Paulista para dar maior credibilidade ao negócio. Escolhi o slogan, as cores da identidade visual, o design do site e dos cartões de visita, sempre priorizando o minimalismo que admiro nos produtos da Apple—delicado, simples e elegante.

 

Além disso, fui responsável por mudar o conceito da empresa: de uma simples consultoria para um modelo de terceirização do processo de certificação. O cliente não precisava se preocupar com nada—deixava tudo nas mãos dos especialistas da Yes. Era um modelo que ia além da consultoria, como quem terceiriza a portaria, a cozinha ou a faxina de um prédio.

 

Por isso, criei esse slogan já em 2012. E nem sou marketeiro. Mas domino a linguagem.


 

O primeiro post mostra o nome do domínio do site. Eu queria chamá-lo de Yes!Certif, mas meu sócio respondeu: “Que porra é essa? Tem que ser YesCert.” E assim ficou até hoje.


 

 

Leminski também foi publicitário.

 

A Arte da Escolha

Minha agressividade sempre foi uma vantagem estratégica. Quando decidi tirar os funcionários brasileiros da empresa em que trabalhava na China e trazê-los para a Yes!, a ideia era simples: transformá-los em sócios e expandir os horizontes. Assim, abrimos uma sede em Hong Kong e outra na China. Isso nos permitiu cobrar os clientes em dólares americanos e dólares de Hong Kong, sem custos excessivos com impostos, além de estarmos posicionados estrategicamente no coração da produção global de eletrodomésticos. Ter um escritório na China não era apenas uma jogada de mercado; era uma vantagem brutal. Não tinha como dar errado.

 

Em menos de um ano, só a unidade de Hong Kong já faturava mais de cem mil dólares. Nosso site estava disponível em três idiomas: português, corrigido pelo jornalista que era padrasto do meu ex-sócio (mas eu que escrevi), inglês, traduzido por mim, Sheila e Mateus, e chinês, com a ajuda da Sheila e do Mateus. Enquanto isso, no Brasil, nosso faturamento bruto já ultrapassava trezentos mil reais, com clientes como Carrefour, Le Biscuit e Hamilton Beach fechando processos mensais conosco.

 

Além disso, adquirimos um organismo de certificação que estava à beira da falência. Uma consultoria comprando sua própria certificadora — um movimento audacioso. Estávamos crescendo rápido, nos tornando referência. Mas quem leu O Roubo que Mudou Minha Vida já sabe o que aconteceu. Como Steve Jobs foi expulso da Apple, fui arrancado da empresa que eu mesmo fundei.

 

Minha capacidade de aprender e me adaptar sempre me ajudou, mas também me levou a fazer escolhas questionáveis. O mundo da certificação me empurrou para práticas pouco éticas, e a minha inexperiência fez com que eu perdesse tudo.

 

Hoje, a Yes! ainda existe, como pode ser visto pelo link a seguir:

 

Site Yes! Certificações

 

Mas fico decepcionado com os rumos que tomaram. A identidade visual, antes minimalista e sofisticada, foi vulgarizada. A proposta, antes ousada e diferenciada, agora se resume a agradar o mercado. O site, antes trilingue, hoje sobrevive em um único idioma. Tudo foi simplificado, banalizado.

 

Sim, é provável que eles estejam faturando mais de um milhão, com mais de dez funcionários e retirando um pró-labore de vinte ou trinta mil reais cada. Mas isso é pouco.

 

Nos tempos em que estudava economia na PUC-SP e investia na bolsa de valores com um amigo que trabalhava em corretora, aprendi a ler gráficos, operar derivativos e comprar opções a descoberto — uma estratégia de alto risco, apostando em valorizações rápidas. Muitas vezes, o investimento virava pó. Mas sempre tive a ambição de abrir o capital de uma empresa, transformá-la em uma S.A., fazer um IPO. Meu sonho sempre foi jogar no campo dos grandes.

 

O conformismo em que a Yes! mergulhou me envergonha. Meus ex-sócios provavelmente estão ricos, donos de certificadoras e laboratórios, dirigindo Porsches e Camaros, morando em condomínios luxuosos. E eu? Estou no Recanto das Letras, batendo ponto no posto de saúde.

 

Mas as circunstâncias não definem o homem. O homem é ele e suas circunstâncias. Quando um time da NBA escolhe um talento no draft, ele analisa o histórico do jogador, sua raridade, seu potencial de mudar o destino de uma franquia.

 

Minha ideia para conquistar a mulher dos meus sonhos segue a mesma lógica. Quero que ela olhe para as opções no draft do mercado afetivo e veja que eu sou a escolha certa. Minha estratégia é simples: me tornar uma obra de arte tão única, tão rara, que não haja dúvidas sobre quem escolher.

 

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 09/03/2025
Reeditado em 09/03/2025
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