Dica #005: COMO ESCREVER UM CONTO (Sugestão)
Contar história é a arte mais antiga que se tem notícia, desde sua oralidade à sua forma escrita.
O conto tem uma técnica peculiar que devemos saber para ficar com aparência legal e atraente. O mesmo deve ser dividido em três atos. Não são regras rígidas nem mesmo um trilho, mas trilhas, um norte para auxiliar o contista na confecção de sua obra. Um bom contador de estórias utiliza os ingredientes a seguir de forma consciente ou intuitiva.
Geralmente é contado na terceira pessoa, a menos que o protagonista seja o próprio contista e este assim o deseje, pode ser contado na primeira pessoa. Pode-se fazer uso de heterônimos para fazer o conto. Deve conter diálogos e estes devem iniciar com travessão ou "_ ". Ex.:
_ O Edgar se encontra? _ Pergunta o visitante.
_ No momento, não. Está em serviço externo, devendo retornar no final do expediente. _ Responde a secretária.
Se observarmos as boas histórias, encontraremos sempre os seguintes elementos: um herói ou protagonista da trama, um vilão, anti-herói ou antagonista, personagens coadjuvantes, um conselheiro ou mentor, desafios que ao longo da obra vão sendo alcançados, ou não. O tempo e lugar são ‘personagens’ indispensáveis na arte de contar um conto.
O escritor deve-se sentir livre, leve e solto ao escrever sua obra, mas deve também manter a coerência e coesão do texto, em todas as suas fases. Aconselho sua leitura do livro de Christopher Vogler, A JORNADA DO ESCRITOR, a todos os que desejam se tornar bons contadores de história.
Geralmente, uma história é contada em três atos.
1. O primeiro ato, Introdução.
Deve-se dividi-lo em três partes principais: Prólogo, ambientação e ponte para o segundo ato.
A primeira, o prólogo, serve para introduzir a história. Procure utilizar uma ou até cinco linhas para as considerações iniciais, onde você dá a ideia ao leitor do que ele pode esperar de seu conto.
O segundo parágrafo, a ambientação, serve para situar o leitor no tempo e lugar de sua história. Pesquisar sobre os principais acontecimentos da época em que acontece sua história, é sempre bom. Dará maior credibilidade ao seu conto. Apresente o protagonista ou mais personagens nesse parágrafo, fazendo uma ponte para o próximo. Dê forma, rosto e vida aos seus personagens para que o leitor sinta que são de carne e osso. Fale sobre suas emoções, humor, sonhos, sociabilidade, qualidades e defeitos e como os mesmos se relacionam e interagem com os outros e com o meio em que vivem.
No terceiro parágrafo, fale mais do seu protagonista, introduza mais personagens se for preciso e dê ideia ao leitor de como será sua história. Descreva o local, ambiente onde se desenrola sua história. Informe ao leitor como é a ambiência onde vivem e convivem seus personagens.
Se necessário, acrescente outro período para estabelecer melhor ligação com o próximo ato.
2. Segundo ato, o desenvolvimento de seu conto.
Faça a mesma subdivisão do primeiro.
No primeiro parágrafo, desenvolva a história, introduza novos elementos que tornem a história mais interessante e convincente. Descreva os personagens, falando sobre suas idades, gostos, costumes, planos, sonhos etc. Faça-os parecer que são reais, mesmo que sejam fictícios.
No próximo parágrafo, descreva os fatos que por ventura tenham ocorrido e prepare o leitor para as próximas etapas.
No último parágrafo desse ato, acrescente análises, planos ou conclusões que liguem o leitor ao último ato.
3. Terceiro e último ato, o epílogo.
Aqui você prepara o leitor para a conclusão da história. É de se esperar que todas as pendências deixadas de propósito ou não nos atos anteriores, sejam elucidadas no decorrer desse ato. Também pode deixar seu conto com final aberto, em suspense.
Você pode também subdividi-lo em três fases como nos anteriores.
Na primeira fase, recupere os traços que ligam o leitor a este ato.
O segundo parágrafo, servirá para preparar o desfecho. Faça todas as resoluções. Este é o momento onde muitas pendências são tratadas e começam a dar sentido a tudo, à medida que vão sendo elucidadas.
Faça o último parágrafo de forma definitiva e conclusiva, de modo abrupto para deixar o leitor com gosto de quero mais. Não faz sentido ficar esticando a história, enchendo linguiça, cansando o leitor. O conto deve ser curto e rápido. Aliás, esta é sua peculiaridade. Sendo longo, deixa de ser conto, se aproximando ou se confundindo com romance ou novela. Uma das formas de fecho utilizadas é o final inconcluso ou aberto, em suspenso.
Sua imaginação é o limite.
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Não tomem estas dicas como um trilho que rigorosamente deva ser seguido, mas apenas como uma trilha, um túnel que os leve à luz, ao mundo dos contos. Sintam-se livres para criar e seguir sua inspiração sem qualquer peso ou amarra.
Fontes de pesquisa:
VOGLER, Christopher. A JORNADA DO ESCRITOR, Editora Fronteira.
CARVALHO, A, Maria de Jesus, Escritora, Mestra em Literatura, Bacharel em Direito, Fortaleza-CE.
ANDRADE, da Silva, Júlio, Escritor, Poeta, Licenciatura em Letras com Inglês, Psicoterapeuta, Salvador-BA.