AS PRIMAS VERAS E ALGUMA CHUVA
“ ACABOU...
Flávio Miranda
amigo poetinha
chegou o inverno,
lágrimas escorrem
como temporais
nada vejo à frente
a minha primavera
já foi, as flores morreram
acho que tão cedo ela volta
e nem sei se volta.
Veio a chuva
morreram-se as flores
me falta a vida
onde está meu mundo.”
- Publicado no Orkut, 15Jul2007, 16h14min, provindo de Belém do Pará.
Poetamigo!
Bonito texto, de extraordinária coerência, com início, meio e fim, como realmente se espera de um bom poema não surreal ou metapoema. Enfim, um poemeto de reflexão, de instigação ao leitor.
Minha única dúvida é no último verso da primeira estrofe: "e nem sei se ela volta." Quem não volta? A Primavera não pode ser, porque é estação do ano, e sempre volta. Aliás, tu dizes isto no verso anterior ao citado. Parece-me que, por coerência, o verso seria: "e nem sei se a flor volta.".
Fica subjacente a instigação ao leitor, que pensará sobre os porquês do não voltar.
Darás luz à proposta poética com dois sentidos: o da amada que foi e o comparativo de flores, na Primavera.
Talvez ela, a prima... Vera, a mulher, a primeira Verdade, a única, em latim!
Por não o teres ainda publicado no Recanto das Letras, entrego estas observações aos bardos deste sítio, esperando que as nossas contribuições analíticas possam ser úteis.
Bendito o poema e seus sentidos: o denotativo e o conotativo. Este o mistério das palavras e a algaravia do sentir!
Não há como ficar à deriva como uma igreja sem rumo...
Pra quem é atento ao mistério o poema é sempre um bilhete aos neurônios.
Sempre fica a cicatriz. E não adianta querer tirar a pele ou fazer cirurgia plástica. Uma tatuagem permanente. Esta tem voz própria: fala por si como um sino rouco. Está agora em mim, o teu amigo-leitor.
Ouço a sua voz amorosa: Belém, Belém, Belém, Belelém...
– Do livro CONFESSIONÁRIO – Diálogos entre a Prosa e a Poesia, 2006 / 2007.
http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/567371