O APRENDIZADO: ERROS OU LAPSOS NA ESCRITA

Olha com o que me surpreendes: "Vou tentar corrigir os erros que o J. Moncks mencionou.". Sinto-me na obrigação de redarguir o que tu propões, na intenção de buscar efeitos didáticos. Observa, na arte da palavra não há fórmulas exatas de como deve ser apresentado o poema, porque esta arte – em tese – é absolutamente livre quanto à forma ou formato, ainda mais no atual momento de contemporaneidade literária. Inexistem padrões ou regras rígidas, o que vige é fruto daquilo que provém do estro dos bardos consagrados – suas relíquias deixadas à posteridade. Depende sempre do talento com que o autor apresenta a peça escrita. Quando muito, o analista crítico pode dar umas dicas de como melhorar a apresentação do tema ou assunto com maior aproximação com os cânones formais vigentes nos últimos tempos, de modo a que a peça possa vir a ser ressaltada, esteticamente. E isto é o que propomos através do “Projeto Oficina do Verso”, ora em curso. Enfim, depende do talento de cada autor, até porque cada pessoa é um universo único, uma individuação do ser. É certo que cada artista tem a sua linguagem expressional. Porém, se pode aprimorar esta ótica pessoal através do conhecimento (e o aprimoramento) de técnicas e da apreensão das lições da mestria ou da excelência da obra de conceituados vates. Portanto, no rigor técnico-artístico, não se pode falar em ERROS ou LAPSOS na expressão dos escribas do verso. O que os mais experientes ‘oficineiros’ podem fazer é alertar, enumerar ou apresentar como alguns autores resolveram tal ou qual questão estética, mormente quanto ao ritmo, que é exigência e característica fundamental na Poética, por exemplo. Excetuam-se, é claro, os erros ou lapsos verbais e/ou gramaticais referentes à escrita culta, aquela que é usual na prosa e no verso. São exceções, identicamente, os textos que incorporam gírias, expressões regionais ou dialetais. Desta sorte, com todos estes requisitos e cuidados formais, ainda assim temos a chamada LICENÇA POÉTICA, pela qual alguns autores – ricos em criatividade – subvertem o sentido original da palavra ou frase (imagética), associando e interagindo com as figuras de linguagem, especialmente as METÁFORAS, inaugurando-se o sentido conotativo, em alteridade ao usual sentido da linguagem – o denotativo – que é típico nas relações verbais cotidianas. Daí a força e a beleza da construção poética, forjando o inusitado, o inesperado – o estranhamento. Bem, cada poeta se firma pelo grau de sua genialidade. E é esta que lhe vai fixar, de pronto, o patamar de estranheza ou originalidade que a sua obra causará (ou não) nos seus leitores, particularmente no gênero Poesia. Afinal, cabe à eterna arte a releitura do convencional viver e agir...

– Do livro OFICINA DO VERSO, 2014/16.

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