NO ÚTERO DA CONCEPÇÃO VERBAL

A denominação do texto em “prosa” ou “verso” parece-me a mais correta para estabelecer a diferenciação formal de apresentação da linguagem e do sentido (conotativo ou denotativo), ao invés de “prosa” ou “poesia”. E por qual razão o meu entendimento de que o textual – qualquer que seja – sempre deva ser revisado em sua forma e/ou conteúdo? Porque o entendo como matéria em ebulição: caldeirão fervente contendo o mistério que nunca se perfaz completamente. Para mim o texto nunca está pronto, portanto é sempre bem-vinda a “revisão” em qualquer momento. O entendimento excludente do receptor é a posição pessoal egocentrista, exclusivista... O avesso é a proposta aberta por parte do autor (no tocante à colaboração do leitor), aceitando a correção, sem que por este simples ato revisional venha-se a confundir esta participação como indício de coautoria no texto ou no poema. Uma peça a quatro mãos não é consequencial do ato de “revisão” e, sim, do fato de estar enraizada como ideia desde a gestação da palavra, no útero da concepção verbal...

– Do texto A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

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