O LINGUAJAR USUAL

Existem versos com ou sem Poesia, e há frases com ou sem Poética. A prosa literária – a crônica, o artigo, o conto – pouco contempla o sentido metafórico, e utiliza em regra a narração descritiva, utilizando o sentido linear e denotativo dos vocábulos. A linguagem artística resulta melhor perceptível na especificidade Poesia ou na Prosa Poética. Tudo isso devido à figuração de linguagem, a qual escancara o sentido conotativo das palavras. O texto ungido pelo gênero Poesia necessita conter metáforas polivalentes ou profundas, enquanto que o exemplar em Prosa Poética apresenta metáforas univalentes ou superficiais. Por ser uma especificidade do gênero prosaico, o correto é a sua lavratura em frases, margem a margem, linha a linha, parágrafo a parágrafo, que é o formato identificador da Prosa. A Poesia não se presta para o linguajar do dia a dia dos viventes. O prosaico, em sua modalidade executiva, direta, é a expressão cotidiana. Aliás, é oportuno e conveniente lembrar o ressalto de Fernando Pessoa, gênio poético maior da raça lusitana: “Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.".

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

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