COMPARANDO POESIA À MULHER

Aporta em minha página do Face a reflexão de uma jovem autora. Gosto, copio, e, de imediato, me predisponho a examinar o seu pensamento.

“A poesia não admite julgamentos nem comparações. Comparar os estilos poéticos não destroi a poesia. Mas DESVALORIZA. De um jeito operoso eu comparo os estilos poéticos com mulheres. A poesia é uma mulher. Toda poesia tem uma história. Um arcano que nunca vai ser revelado. Toda poesia tem mistério, mulher também. Toda mulher tem sua própria beleza, única e natural. Toda mulher é uma surpresa, poesia também. Toda poesia tem a sua generosidade, o seu jeito de ser, o seu jeito de revelar. A beleza de uma mulher nunca pode ser comparada com a beleza de outra mulher. Ou você aprecia ou não aprecia. Ou você acha PADRÃO ou você acha HORRIVEL. Nunca compare uma mulher com outra mulher. Nunca compare estilos poéticos. Compare mulheres com a Poesia e verás que não tem diferença!

Autora: Ádyla G. Maciel.”

– via Facebook, em 17Set12, 21h34min.

Ádyla, amada oficineira e questionadora do mistério da Poesia! O texto é bem criativo e sugere que se reflita sobre a proposta. Pelo que percebo, está subjacente a este criativo texto analógico – Poesia e Mulher – a tua restrição pessoal ao exame do texto, a resistência ao estudo do escrito, tudo muito coerente ao egocentrismo natural e ao embasbacar que a intuição sugere à autora, devido ao andar no mundo há pouco tempo. Todavia, é uma boa reflexão, sinal de que estás buscando caminhos e articulando respostas ao teu alter ego, que é o único que faz, realmente, o POEMA COM POESIA. O "Ego" é possessivo, egoísta e ardiloso, já o bom poema contém Confraternidade (saúda o receptor e o convida ao pensar) e Universalidade (confraterniza, pela linguagem estética, com todos, convidando à abertura dos códigos autorais de que ela está lavrada). Ora, se o ser humano é o único ser pensante, o que ele logo fará é a comparação entre a proposta poética, enfim, o que está escrito no texto, e aquilo que ele já conhece como valor estético consagrado aos seus padrões. Se ele for bom leitor dos poemas consagrados no tempo, terá adquirido um valor estético mais alto, se não, contenta-se com o mínimo. Tudo, na vida, e também em Arte, é fruto de “comparativos”. Escolhe-se aquilo que se apresenta como o mais rico em proposta, aquilo que é o “melhor” como resposta às necessidades pessoais e, por vezes, sumamente particulares a cada indivíduo. E mais, se queres crescer, realiza o comparativo para melhorares a tua criação poética. Nunca poderá haver “desvalorização” da obra de arte poética, ao buscares comparar a proposta estética. O que ocorre é o oposto: desvaloriza quem não compara peça a peça. Sinal de que não quer aprender com o já apresentado como obra de arte... Peço escusas por divergir de teu pensamento, amadinha! Beijos e os parabéns de teu amigo, oficineiro Joaquim Moncks.

– Do livro QUINTAIS DO MISTÉRIO, 2012.

http://www.recantodasletras.com.br/tutoriais/3900439