FALANDO AO PÉ DO OUVIDO

Amada Cler Ruwer! Aproveito para fazer uma apreciação geral sobre a tua obra, especialmente sobre o texto "PARTE DE MIM": desde o título, texto muito egocêntrico, personalista, nada de confraternidade... À hora em que começares a "despersonalizar" a presença do EGO vais passar a ter a presença natural da Poesia no teu texto. Por vezes, percebo que já ocorre, em tua incipiente obra poética, o aparecimento mais assíduo de figuras de linguagem, o que é um ótimo sinal. Digo-te isso pra que não deixes de perseverar. O que sinto é que misturas o que é Poesia com algumas tiradas que nada têm a ver com o gênero poético e o texto fica todo contaminado com o prosaismo. E mais: continuas escrevendo o que é prosaico em versos, imagino que pela mania internética do feminino: tudo deve ser apresentado em versos. Porém, se não é texto lavrado no gênero Poesia, não é razoável (e nem aconselhável) apresentá-lo em VERSOS, e, sim, em FRASES. Até os textos meus, ao republicá-los, tu os apresenta em versos, destoando da apresentação original publicada neste Orkut. Como és do meu coração e apreço, e sei que é o teu cacoete de feminilidade – que não vê a tecnicidade de apresentação do texto e, sim somente o que lhe parece bem esteticamente – e mais, sempre com figuras que usualmente tiram o brilho do que está escrito no texto. Imagens dificilmente se congeminam com o texto, e fica uma salada de frutas muito pouco poética, moldada pelo texto e figura, em escritos plasmados com letras imensas, na página, de duvidoso gosto estético. Pedindo escusas e com muito apreço, abro o coração porque dizes que és minha oficineira e isso me faz corresponsável. Percebo que estamos crescendo juntos, graças à experimentação e divisão das dúvidas.

– Do livro ALMA DE PERDIÇÃO, 2012.

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