POESIA E CÂNONES ESTÉTICOS

Não há "regras", na Poesia da contemporaneidade, como as havia no classicismo e seus formalismos. Alguns modernistas exasperados e exaltados com metrificação e sílabas fônicas, rimações e esqueletos formais, criticam o modelário clássico como “a camisa de força da Poesia”. E insistem no verso livre, descompromissado, avesso aos esquemas formais... Todavia, cada época das civilizações tem os seus cânones, que não são "regras" nem moldes, porém, o conjunto estético dominante em determinado momento, em Artes e Letras... Para o praticante de Poesia, é sumamente aconselhável que esteja em dia com as manifestações da vanguarda. No entanto, não menos verdade que é necessário conhecer as técnicas sedimentadas para aprimorar a apresentação estética de sua obra... Foi conveniente para alguns autores, a obediência, por certo, aos norteadores de um determinado movimento artístico, tal como aconteceu no Brasil na década de 60 do séc. XX, com o aparecimento da arte concreta, poesia práxis e a chamada poesia visual. Ganharam fama, bons preços para suas obras e notoriedade pública, especialmente em Arte Plástica. As Letras são as primas pobres no conjunto das artes. A maioria dos poetas se bendizem – felizes e atendidos – com a simples publicação de seus livros, CDs, pôsteres, imagens gráficas, dificilmente logrando bom preço para as suas peças e/ou edições... Nos últimos 15 anos, a net tem sido a principal vitrine para os “sem-espaço” na mídia tradicional... O virtualismo internético é o Novo: retira do anonimato e dá pública forma à novidade quase que instantaneamente. Muitas dessas iniciativas representam dinheiro no bolso, de imediato... Todavia, o que realmente representa sucesso em Poética é o rompimento formal com determinados modelos dominantes. O Novo é sempre uma ruptura com o que estava preestabelecido como manso, pacífico, verdadeiro, e aparentemente imutável... A Arte nunca é virgem...

– Do livro A POESIA SEM SEGREDOS, 2012.

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