EGO E SUAS IMPLICAÇÕES

Sim, em Poesia, há necessidade de muita sutileza para vir a se aperceber do fato de que aquele que escreve não é o EGO, e, sim, é o ALTER EGO do poeta ou O EU POÉTICO. Na contemporaneidade é cada vez mais dispensável, e eu até diria – desprezível – o uso da primeira pessoa na flexão verbal. Deve-se fugir do individualismo, buscando-se identificação com a proposta universalista, solidária. Antepõe-se – como proposta intelectiva e finalística – à massificação do leitor-receptor, num mundo cada vez mais globalizado, cada vez mais sem rosto. A utilização do pronome pessoal “eu” é excludente e não agrega o leitor à convivência, à CONFRATERNIDADE! Resta evidente que o autor sempre deseja que o leitor se transmute de lugar com ele, todavia, percebo que isso não ocorre: o uso da primeira pessoa na flexão verbal não abre a janela ao leitor, e, sim a fecha. Minimiza-se, com o pronome pessoal, o convite à fruição poética... Como bem se pode concluir, é matéria que dá pano pra manga!

– Do livro NO VENTRE DA PALAVRA, 2011.

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