SAGAS DE CADA CICLO

Recebo, com alegria, a contribuição de um poetamigo de mais de quarenta anos, com destino a uma obra coletiva em prosa e verso, a sair na 57ª Feira do Livro de Porto Alegre/RS, em novembro próximo.

O coração trespassado – feliz e honrado – tange sua emoção na ponta dos dedos. Emoção e memória reavivam o idioleto memorial. Espiemos o seu talento. Expio-me em criticidade:

“NO MONUMENTO AOS DESCOBRIMENTOS (TEJO, LISBOA)

Jauro Von Gehlen

Ó patinada nau agrilhoada

Ao teu eterno porto de granito

Navegas do passado para o nada

No rumo que por Sagres foi prescrito

Retém o eco o alvissareiro grito

De “terra a vista” que o grumete brada

E do Almirante o arguto olhar perito

Define o sítio onde fundear a esquadra.

Na flâmula d’ El Rei a cruz gravada

Preside em terra o transcendente rito

E ao “Venturoso” Vera Cruz é dada!

Ó caravela! Mais que história és mito!

Singrando o mar na última jornada

Na terra abriste as rotas do infinito.”.

– via e-mail em 22/09/2011, 14h27min.

O soneto em causa é clássico, versando sobre tema incomum e universalista. Rememora os idos do final do século XV e o de XVI, e revive, com elegância e bom gosto, a heroicidade dos nautas descobridores. Para nós, brasílicos, o nascedouro pátrio. A bem da verdade, estamos todos mergulhados na rota do infinito... Esse o destino da boa poética: o verticilo dactilar da humanidade! Sempre um pugilo indigitador de destinos e rotas: antevisores. Por terra e por mar, caminhos inconclusos. E, a partir do séc. XX, o espaço sideral. O que nos reservará a ciberespacialidade? Obrigado pela viagem que me propuseste com tanta presteza em quatorze versos... Bravos, Jauro, irmão de Letras!

– Do livro NO VENTRE DA PALAVRA, 2011.

http://www.recantodasletras.com.br/tutoriais/3235754