ESTILO E RECEPÇÃO DO TEXTO

Queridos amigos leitores! Uma preciosa e assídua interlocutora faz um comentário a partir de meu trabalho no Recanto das Letras – site para escritores, onde costumeiramente publico, o que permite alguma reflexão. Vejamo-lo:

“DO INEVITÁVEL

Joaquim Moncks

O ser humano sempre deseja o novo, mas tem receio das mudanças que a novidade inevitavelmente trará.

– Do livro SORTILÉGIOS, 2011.

http://www.recantodasletras.com.br/pensamentos/3219093

Enviado por Joaquim Moncks em 14/09/2011.

Reeditado em 14/09/2011.

Código do texto: T3219093.”.

15/09/2011, 14h48min - Maria

Interessante o seu pensamento. O que ele diz e como foi escrito. Fiquei pensando e pensando em por que escolheste, após falar do novo, usar a palavra “novidade”. Você poderia ter escrito seu pensamento assim: O ser humano sempre deseja o novo, mas tem medo das mudanças que ele inevitavelmente trará... Ou assim estaria errada a forma de escrever?

Para o texto: DO INEVITÁVEL (T3219093)

16/09/2011, 14h28min:

Maria, estimada! Preferi utilizar a NOVIDADE, como palavra (de sentido análogo) conforme o Aurelião define: "Qualidade ou caráter de novo.". Uma questão de estilo e de reforçamento, fugindo do que ocorreria com o inexpressivo e batido pronome "ele", monossilábico, que passa tão rápido pelo cérebro que nem permite maior apreensão de sentido. Sempre que quiseres algo mais denso na cabeça de teu leitor, utiliza vocábulos pejados de carga simbológica e verbos incomuns, inusuais, mas não difíceis a ponto de tornar o texto complicado. E mais: nunca uses verbetes monossilábicos e, sim, polissilábicos, cujo recado persiste mais tempo à atenção do receptor, mesmo que nem sempre melhore o ritmo, na frase ou no verso. Estou premiado com a lavratura ora em exame, porque ela te instigou. E note-se que é uma proposta de inusitada simplicidade. Com a provocação cumpriu-se o seu fado. Instaurou-se a REFLEXÃO... É óbvio que eu poderia haver escrito conforme tu sugeres e o farias, acaso no meu lugar como criadora. Em nada estaria errado, porém perderias em sugestionalidade e em transcendência, que, no caso, são evidentes objetivos alcançados. Note-se que as tuas ponderações estão eivadas de convicção ficcional, a ponto de vires a reescrever a proposta intelectiva de minha lavratura com uma única variante vocabular... O vocábulo “novidade” cumpriu a sua destinação como “qualidade ou caráter do novo”. As palavras, a rigor, mesmo que sinônimas, nunca são iguais. É preciso extrair delas efeitos semânticos e rítmicos também incomuns e, por vezes, até insólitos. A boa metáfora tem de ser forte e sutil, ao mesmo tempo. O mesmo ocorre com o reforçativo. Para não parecer vulgar ou pleonástico. Também porque escrever consiste num ato de paixão e fruição de prazer nas descobertas...

– Do livro NO VENTRE DA PALAVRA, 2011.

http://www.recantodasletras.com.br/tutoriais/3223972