O PATAMAR MAIS ALTO

Nada há a desculpar, quanto ao pedido de exame do teu poema. É só uma questão de aproveitamento. Se o texto já foi publicado, de nada adiantará fazer qualquer análise crítica, porque não se cumprirá uma das destinações dos estudos literários: instigar o autor até que ele chegue o mais próximo da perfeição quanto à forma, dentro do tema proposto. Bem, quando se trata de publicação coletiva, ainda se pode trabalhar o texto com vistas à publicação de livro individual. Poesia publicada, na cabeça do autor novato, é fato consumado. Não é bem assim. O notável poeta gaúcho Walmyr Ayala, hoje falecido, publicou, em 1977, o seu livro POESIA REVISADA, contendo poemas de livros anteriores. Afiançava o autor que o poema nunca está definitivamente pronto. E é isso o que penso hoje, após mais de 38 anos de publicação em livro. No entanto, entendo ser mais aconselhável trabalhar criticamente sobre poemas novos, de viva atualidade no dia-a-dia do autor. Provavelmente já tenhas amadurecido, e, na materialidade de tua Poesia, que são os POEMAS, (e é por estes que se mede o nível poético) já tenhas alcançado um patamar mais alto – uma fase mais aprimorada de tua obra – com a presença de figuras de linguagem, mormente no uso das METÁFORAS. No texto, em regra, as figuras de linguagem e estilo aparecem lá pelos 10 anos de pertinácia na leitura de autores consagrados e na briga permanente com os vocábulos para se chegar ao poema, não somente ao “recado amoroso”. Também no gênero poético acumula-se experiência, com visibilidade no poema. Quem persevera no caminho, descobre alguns segredos.

– Do livro TIDOS & HAVIDOS, 2011.

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