O RECADO AMOROSO
"TRISTE POEMA DE AMOR
Soninha Poetisa
Juntinhos... Em uma noite estrelada
Namoramos muito e Fizemos amor
Coladinhos admirando as estrelas pela janela
Adormecemos juntinhos
As vezes acordava ofegante
Pensando estar distante
Beijei-te com carinho
Apertando-me no seu corpo
Sentindo um enorme prazer
Um amor que jamais senti
O calor do seu corpo passava para o meu
Fascinada eu ficava
Aquecida em teus braços eu estava
Com o dia quase amanhecendo
Acordei com um pássaro cantando
Um bem-te-vi na janela
E meu sonho desabando
Triste permaneci
Lamentando-me pela noite
que não passou de um sonho
E do meu amor que perdi.
Publicado no Recanto das Letras em 17/12/2009
Código do texto: T1982842."
Soninha! Agradeço haveres remetido esta peça textual pelo Orkut. É um belo relato intimista dos desejos a que o amar conduz. Um rico recadinho de amor, tão ao gosto feminino. Linguagem direta e sempre desejosa, porque lírico-amorosa.
Tecnicamente, não chega a atender a pretensão de que venha a compor um POEMA, prenhe de POESIA, apesar de ser apresentado ao leitor em versos, e não em frases, pretendendo, com esta apresentação formal, fazer uma obra poética.
Não se trata, também, de PROSA POÉTICA (ou POEMA EM PROSA), porque, em ambos os gêneros literários (Poesia e Prosa Poética) há necessidade de que, no texto, além do denotativo, avulte o sentido conotativo.
No caso de arte literária, é fundamental que o texto não apresente somente o trivial do dia-a-dia – a linguagem a que chamo “executiva” – mesmo que, aparentemente, apresente alguma doçura, algum trato carinhoso em relação ao personagem. A regra é que a figura central seja o desejoso objeto do afeto do autor: o Ser amado.
O sentido conotativo se caracteriza pela presença de metáforas, metonímias e outras “figuras” de linguagem, as quais ornam de beleza o discurso, e possibilitam várias interpretações, em cada vocábulo, e no conjunto do texto.
Conclusão a que se chega, em análise literária: sem a utilização da METÁFORA não há como se identificar a POESIA, porque este gênero literário não compactua com a linguagem direta, derramada.
Se, ao pegares um texto em se que pretenda conter Poesia, e, ao leres o mesmo pela primeira vez, chegares ao final da peça lida entendendo tudo o que nele está contido (em sua proposta temática), este pode ser tudo, menos um legítimo exemplar do gênero poético. Porque Poesia não tem esta destinação.
O texto poético é sempre mensagem que exige reflexão – o parar para pensar, para deglutir a proposta codificada. O que aparece no texto é um toque sugestional, instigação ou estímulo subliminar, que serve para reconstruir a temática proposta na cabeça do leitor, levando-o à admiração, ao encantamento, à fruição do Belo enquanto palavra...
Poesia é linguagem cifrada, codificada, que obriga a pensar, a refletir, após várias leituras.
Entretanto, pelo que vejo aqui, neste RECADO AMOROSO, é que este texto é, em realidade, um embrião para o poema. Em cima dele pode vir a exsurgir um exemplar característico de Poesia, mas, por enquanto, no fundo e forma ora apresentados, ainda não o é.
Espero que me perdoes o atrevimento de prelecionar sobre Poesia, porém é o que, humildemente, pretendo saber fazer. E divido com os meus irmãos de Letras. Passo, graciosamente, o que amealhei no decorrer do tempo.
Parabéns pelo estro talentoso e pelo gosto de buscar o poema!
– Do livro DICAS SOBRE POESIA, 2009/10.
http://www.recantodasletras.com.br/tutoriais/2242411