ÀS MINHA AMIGAS!

Neste ponto da vida, neste exato momento em que o tempo transforma a minha vaidade em humildade, neste exato espaço de tempo onde algumas pegadas na areia se apagam por misericórdia e onde as histórias de vida e a necessidade do ser existencial falam mais alto que a do ser material, gabo-me por trazer comigo poucas amigas; por ter realmente menos amizades que todos os meus dedos das mãos.

E de fato é verdade, minhas amizades não são muitas, não passam de sete ou oito. Todavia, não são muitas porque necessariamente muitas não precisam ser. Ora, não se consegue conviver com um estádio de futebol cheio, jamais existirá a possibilidade de dar-mos atenção a todos os torcedores, mesmo que esses sejam de um time apenas.

E a vida de cada um é assim, qual seja, parte amizade, parte coleguismo. Jamais sobrará tempo para conseguirmos mais de dez boas amizades. Todavia, teremos tempo de sobra para conseguirmos fazer milhares de colegas, aquelas “almas benditas” que sentam conosco para passar seu tempo, para rir, chorar, contar piadas, beber... mas que, contudo, saem sem deixar nada e sem levar menos ainda. Pagam suas contas, quando pagam, e vão simplesmente embora.

E é justamente por tal condição que, nesta altura da vida, não quero milhares de colegas, porque no fundo esses colegas não valem nada... não valem nada mais que o passar de alguns minutos ou horas perdidas e vazias. Porque no fundo esses colegas não passam de fantoches, de mascarados que na absoluta maioria das vezes não têm nada para nos doar; pelo contrário... que na sua absoluta maioria das vezes apenas nos sugam. Logo, não quero coleguismos... abstenho-me de te-los! Preciso necessariamente de amizades, preciso definitivamente cultivar minhas amigas, minhas pouquíssimas amigas... mesmo que continuem eternamente sendo poucas.

Vale dizer que quero cultivar definitivamente aquelas amizades que - sem pedir absolutamente nada em troca - doam suas conversas (reais e virtuais); doam seu tempo, seu amor, sua paciência, sua cultura, sua ciência e também sua humildade para que eu possa aprender todos os dias um pouco mais. Quero cultivar e aprimorar necessariamente aquelas amizades que me deixam, por reciprocidade, manter o mesmo calibre que têm para comigo.

Essas sim eu quero e preciso... as poucas amigas que posso contar na paz e, principalmente, nas minhas guerras; aquelas que estão sempre prontas para me ouvirem e para falarem, para me estenderem as mãos e também para me darem coragem de saltar de penhascos; aquelas que me amam pelo que sou e não pelo que tenho... porque - bem lá no fundo - não tenho nada além da cumplicidade!

Essas todas - as poucas amigas - eu quero agradecer; com também agradeço diariamente a Deus pelas suas vidas. Agradeço porque, definitivamente, são presentes de Deus, são Anjos da Guarda, são jóias preciosas, são almas que posso contar em qualquer evento, que estão prontas para compartilhar risos e choros, abraços e distâncias, ausências e presenças, palavras e silêncios, paz e guerra.

Agradeço a Deus pela grandiosidade de cada uma; pelo que cada uma é e também pelo que tem sido na minha vida. Agradeço a Deus e peço que consiga ser - para todas - o que são para comigo; que possa sempre demonstrar confiança, lealdade, fraternidade e cumplicidade. Acima de tudo, que possa ser a sintonia perfeita de palavras, gestos, ações e sentidos... culminando, sempre e necessariamente, como um eterno amigo.

Adriano Hungarô
Enviado por Adriano Hungarô em 21/05/2008
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