A PRIMEIRA,VOCÊ NUNCA ESQUECE

"Uma manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregor Samsa deu por si na cama transformado num gigantesco inseto". Kafka

 

Abro a caixa.

Argh! Lá esta ela.

Com seus olhos compostos – nada mais nada menos que 2000 lentes, enquanto nossos olhos humanos, apenas duas!

Percebo que ela me olha, antenada e lustrosa limpando das patas dianteiras os farelos da última refeição – migalhas do meu biscoito favorito.

Imediatamente penso: “Devia ter levado o lixo para fora!”, mas de onde surgiu este representante pré-histórico blindado – Elo Pedido?!

Não sei o que fazer. Ela continua quieta apenas olhando, talvez até sorrindo com sua boca sem dentes, mas capaz de mastigar tudo que encontra e que tenha cheiro de comida. Movo meus braços. Ela se move! Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii...

Volto!

Ela se move!

Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii...

Talvez tenha assistido algum filme de Bang-Bang dos anos 70 - do tipo O Biscoito Furado, Uma Barata Chamada Cavalo, Doze Baratas e Um Destino porque eu me senti diante de um inimigo pronta para um duelo ao por do sol!...

Calamity Lucy and the Cockroach!

Cadê minha “Doze”?! Tem que ser uma “doze” e de cano serrado. O tiro tem que ser fatal! Matar elefante no Kenya é moleza. Agora mata uma barata, mata! Numa única chinelada.

Não tem quem acerte! Parece que a maldita usa Óxido Nitroso e tem tantos cavalos-motor que nem o Alonso pode alcançá-la quando resolve sair em disparada vindo sempre ao encontro dos nossos pés...

Quem já sentiu os pezinhos cabeludos de uma barata subindo pelas pernas?! É igual Du Loren – você nunca esquece!!

Resolvi sorrir para ela, já que não podia fazer mímica nem sinais de fumaça – “Mim Pokahontas, você Barata, amiga?!”

Não deu resultado!

Melhor incorporar The Flash e tampar a caixa...

Foi o que eu fiz e gastei um rolo de fita crepe [larga] para isolar qualquer saída. Ela que se FD!

Coloquei a caixa na lixeira, esfreguei as mãos e sorri...