O lago estendia-se até o horizonte, ao longe as montanhas suíças com os picos cobertos de neve. Cidades pequenas compunham a paisagem perfeita. Idílica. O silêncio quebrado pelas marolas batendo nas pedras, quase musicais, o sino da igreja marcando as horas em badaladas perfeitas.

Sentada no cais não conseguia despregar os olhos daquela imensidão azul, transparente em calmaria e paz. Varenna, Lago di Como, norte da Itália. 
Cisnes e patos nadando tranquilamente com seus pequeninos. Engraçada procissão, encantando pessoas de todas as idades. 

Sempre entendi aquele lugar como sendo um pedacinho esquecido do planeta,  tudo muito antigo e tradicional. Casarões conservados, mármore e pinturas desbotadas. Ruas de pedras cheias de vielas e subidas, pequenas lojas de lembranças e sorveterias exibindo sabores.

As barcas saem em intervalos curtos rumo as Vilas, são lentas o suficiente para que o passeio seja apreciado com tranqüilidade. Formam uma trilha de espuma na superfície das águas, os raios de sol parecem fagulhas douradas.
 
É bom comer um sanduíche de pastrami, sentada no banco dos jardins em frente ao lago.  Depois atirar migalhas aos peixes e ficar admirando o por do sol. A sensação absoluta da grandiosidade da natureza, de ser parte por algum tempo do cenário perfeito, de um instante preciso de comunhão com o todo.

Deitada na cama enorme e confortável vejo o lago: a ponta dos pinheiros e um luar de prata iluminando a baía, tocando a alma poeta que todos temos e não ousamos libertar. Imensas janelas deixam a brisa fria entrar ,  trazendo aromas da madrugada. Gosto do baú do início do século e da penteadeira com o pequeno espelho. Fico imaginando quantos rostos já não estiveram ali refletidos.  

Porto Piccolo. Um ponto onde os barcos pequenos atracam trazendo noivos e convidados para casamentos. É uma tradição casar na pequena igreja local. Linda em sua simplicidade. Guardando os segredos do tempo em milhões de lembranças. Varenna. Fecho olhos e posso sentir a madeira sob meus pés enquanto caminho até a ponta do cais.

 É para lá que eu vou quando a vida está complicada e preciso de inspiração. Uma sensação boa, sempre chega acompanhando a saudade. Quase  feliz  renovo as esperanças e sigo adiante.

Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 20/05/2008
Reeditado em 19/12/2008
Código do texto: T998091
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