Hoje acordei com o coração apertado, a sensação dolorosa da partida iminente e definitiva.
 Despertei para a felicidade que não sinto perdida em labirintos escuros e torturantes.
Percebi que por teimosia  enredei por rodamoinhos e abismos.
Era passageira nesta barca errante. Sempre retornando ao porto de partida.
Hoje tomo o leme em busca de novos ventos. 
Quero os sopros renovadores. E que tragam leveza e supram a inexistência do amor e afeto.
Benfazejo sentimento que é sempre tão generoso. Porque foi difícil partilhar?
Fechado em conchas, oculto nas águas, protegido no mundinho erguido ao redor da existência, fui mera expectadora, nunca fiz parte de nada.
 
Renasci na angústia com a alma leve, libertei meus pecados e desisti de você.
Há tempos não sinto alegria ou cumplicidade.
Vou provar outra boca e sentir o prazer de estar viva. 
Ainda que restasse apenas um gole, eu tomaria da taça da ventura e arriscaria sem medo.
Estava embotada com o apelo irresistível da ilusão. Vestida de cinzas e dores perdi o prumo. 
Vaguei qual fantasma pelas alamedas das almas carentes e entorpecidas. Crédulas.
 
Agora me cubro em cores, flores,  cheiros, sabores e saio para vida. 
Não levo nada, nenhuma lembrança ou mágoa. Apenas a coragem de seguir adiante.  Sozinha.  
 
Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 19/05/2008
Reeditado em 20/05/2008
Código do texto: T996855
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