UM DOMINGO À SOMBRA DE UMA MANGUEIRA
Um dia explendoroso estava para nascer. Acordei no mesmo horário de costume, pontualmente, às 05 horas e 45 minutos. Saí do quarto de mansinho e procurando não atrapalhar o sono que era robusto por parte da minha família que naquele momento ainda incursionava pelos sonhos da madrugada. Abri a cortina da sala e percebi que se tratava de uma dia especial, pois dali há pouco iria descortinar um brilho incessante produzido pelos raios do nosso astro Rei. Não demorou muito e essa luz natural irradiava sua exuberância. Era a matéria prima que se instalava como elemento de inspiração para a infinita alegria que se instalaria em minh'alma algumas horas depois.
Nesse dia de gloriosa inspiração, minha família tinha sido convidada a participar de uma comemoração de aniversário do Rafael, o filho mais velho do meu amigo Emerson Morilho, um honrado cidadão que tive o prazer de conhecer alguns anos atrás, quando passei a admirá-lo pela sua pujança como homem e como pai de família. Todos de minha família estávamos ansiosos para desfrutar desse domingo, pois sabíamos que estaríamos entre pessoas de boa índole, de agradável companhia e que fazem de tudo para ser bons anfitriões, tanto o meu amigo referido como sua esposa Laura, que se dedicaria com carinho a preparar os pratos auxiliares que seriam servidos com o delicioso churrasco. Estariam presentes ainda o Senhor Ronaldo Morilho e sua inseparável esposa que também são simpáticos e muito receptivos.
Foi nesse clima agradável e cheio de expectativa que nos dirigimos para aquela residência situada na Rua Alberto Sabim. Chegamos juntos com os músicos – um grupo excelente – constituídos por quatro membros; dois violeiros, um sanfoneiro e um vocalista - dois deles de origem paraguaia e mestres nas cantorias regionais. Após os cumprimentos iniciais percebi que o dia seria muito melhor do que tinha imaginado. O dono da casa, com a cordialidade que lhe é peculiar recebeu a todos com um sorriso nos lábios, acomodando-nos num lugar que irradiava felicidade em razão do sentimento que se instalava em nossos corações, já que nos acomodamos debaixo de uma mangueira cinqüentenária, de galhos frondosos e robustos que insistiam em alcançar as nuvens, com uma vastidão de folhas verdes, ocasionado uma sombra inigualável.
Após os cumprimentos iniciais o tio de nosso anfitrião, que havia contratado os músicos, pediu que os artistas desenvolvessem sua técnica e aí começou nossa euforia, abrilhantada por acordes paraguaios incrementados com a linguagem guarani que era gentilmente traduzida pelo próprio cantor que nos dizia sobre a beleza dos versos que recepcionava muita poesia que atingia a alma pela beleza e pela eloqüência daqueles versos sublimes. Alguém me perguntou se não ia acompanhá-los na percussão com a minha Timba. Respondi que meu insrumento estava no carro, mas que isso era uma tarefa para mais tarde, pois naquele momento eu só queria ouvir e deliciar-me com aqueles lindos acordes que surgiam espontaneamente nas vozes harmônicas e inebriantes daqueles excelentes cantores.
E assim transcorreu nosso dia. Logo me arregimentei com o grupo e passei a desenvolver minha contribuiçao com a percussão. Vez ou outra eu olhava para aquela mangueira que produzia nossa sombra e imaginava como Deus é receptibvo em sua morada, dando-nos a natureza para que possamos sonhar com nossa alma. Aquela sombra maravilhosa parace que inspirava nossos momentos e os músicos quase sem perceber se tornavam ainda mais talentosos. Aí eu via a alegria das crianças que brincavam descompromissadas com a nossa alegria. Aquela reunião de nossa prole que marchava pelo pátio daquela inesquecível morada, cada uma com sua idade e com sua graciosidade, porque eram nossos filhos que curtiam da mesma emoção.
Em certo momento nosso anfitrião pediu-me para proferir algumas palavras aos seus convidados. A princípio resisti, mas depois, vendo que não havia retorno e empolgado pela beleza do momento, comecei reverenciando aquela sombra maravilhosa concedida por Deus para nos recepcionar e ao mesmos tempo falei de nossa a alegria em estar presente naquele momento de extrema alegria, citando as obras de Deus e o momento triste que vive o continente Asiático. Enfatizei que devemos valorizar com todas as nossas forças a família e pregar o bem entre os homens para que essa alegria que estávamos vivenciando fosse sempre possível, pois em certos momentos temos de superar as tristezas.
Enfim, a alegria se estendeu até o momento em que vimos a sombra daquele mangueira e seu parceiro Sol irem embora, mas quando as sombras da noite de aproximavam era hora de dizer adeus, pois a segunda-feira prometia nova semana de luta e de trabalho.