Feira do Livro

O ônibus para o bairro Itacorubi saíra às 16:27h, há dois minutos, e eu teria que esperar até o próximo, das 17:02h. Sentei-me impotente no banco do TITRI ao lado de uma moça lá pelos seus trinta e poucos anos com sacolas de supermercado e comendo uma rapadurinha com cuidado. Seus dentes não eram bons.

A conversa fluiu naturalmente e eu perguntei-lhe se já havia ido à Feira do Livro de Rua. Ela, um tanto admirada, me disse que não.

‘Mas tu tens filhos pequenos, não?’

‘Tenho, sim. Três.’

‘Então as crianças vão gostar de visitar a Feira. Tem montões de livros infantis e baratos. Desde 50 centavos. É um encanto para a criançada. Nem precisa comprar. Só levá-los para conhecer a Feira e olhar os livros já é um bem que estás fazendo. Amanhã é domingo e podes levá-los para um passeio.’

Ela, sempre com um sorriso, me disse que sim. Seu ônibus chegou. Levantou-se, me deu adeus e um obrigada. Olhei-a se afastando. Era uma empregada doméstica, acho, e fiquei pensando –será que terá dinheiro para o ônibus, para ela e para os dois maiores de cinco anos?- Não tem, não! R$12,00 pesam no bolso. A Feira do Livro não cabe no seu orçamento, aposto.

Elsa Balbão Pithan

04/05/2008