"Envelhecendo e Aprendendo" =Crônica sobre ingratidão=
Não costumo dar palpites na vida alheia, mas às vezes a gente fica sabendo de coisas que nos obrigam a pensar e a aprender com os erros alheios.
Hoje mesmo fiquei sabendo sobre uma pessoa, ligada à minha família, que está passando por grandes dificuldades em uma idade mais do que avançada. Há muitos anos não tem onde morar decentemente, recebe uma pensão ridícula, e não tem o menor apoio, financeiro ou moral, de nenhuma das três filhas casadas. Filhas “bem casadas” financeiramente falando.
O irônico da coisa, o que dói na gente, é lembrar que para cada filha que se casou ele vendeu um de seus valiosos imóveis para que a festa fosse inesquecível, suntuosa, com um exagero imenso de convidados bem servidos. Além da festa, a lua-de-mel em país à escolha dos nubentes. Desperdício de dinheiro para a felicidade das filhas e vaidade em excesso, não perdendo a oportunidade de exibir-se bancando festas de alto luxo.
Creio que ele achava que do mesmo lugar onde conseguira meios para adquirir os imóveis vendidos sairiam outros. Mas a situação mudou, um presidente maluco bloqueou o dinheiro de todo mundo, e ele nunca mais conseguiu reerguer-se após a falência. Adoeceu, envelheceu depressa, perdeu o ânimo e o capital, e tornou-se um velho pobre. Pobre, abandonado, esquecido, viúvo, e sem amparo algum por parte de quem tanto lhe deve, que são as três insensíveis filhas. Todas três casadas com milionários.
Um outro senhor, conhecido nosso, de idade muito avançada agora, há muitos anos atrás caiu na besteira de doar à filha única, ainda em vida, seu único bem, que era um excelente apartamento à beira mar. Um imóvel de bem alto valor e localizado em um ponto invejável da cidade. O resultado é que agora ele é apenas tolerado na casa da filha, onde incomoda bastante com seus gemidos constantes de doente velho e sem plano de saúde!! A “filhinha querida”, que tanto mereceu ganhar o apartamento, tem o desplante de nem sequer pagar um plano de saúde para o velho e sofrido pai. Atitude de gente canalha, pra dizer o mínimo.
Um senhor idoso que dava aulas de alemão à minha mãe também teve a genial idéia de doar a casa ao filho único ainda em vida. O filho ficou tão grato que o deixa morar na casa desde que ele mantenha os impostos em dia. Mas esse velho, cá pra nós, acho que até merece. É um ex-nazista.
De vez em quando a gente lê notícias sobre milionários que deixaram uma fortuna imensa para seu gato, seu cachorro, seu hamster de estimação, e logo os tacha de loucos ou de sacanas. Serão mesmo?