Zélia Gattai
Acabo de ler que faleceu Zélia Gattai Amado. Não foi um choque; já havia lido diversas notícias sobre o seu delicado estado de saúde, com os piores prognósticos possíveis. Mas mesmo assim, doeu.
Sempre admirei a escritora que mesmo idosa parecia uma menina. Noventa e um anos de idade... É um longo tempo, sendo que os últimos não fizeram justiça ao espírito tão amável, afetivo e carinhoso que ela transmitia.
Casada mais de cinqüenta anos com um dos maiores escritores brasileiros, sempre foi uma contadora de histórias, e lançou seu primeiro livro após ter completado 63 anos de idade, o que prova o seu inequívoco talento.
Não deixei nunca de assistir e ouvir com atenção o que a doce Zélia falava na televisão, quando dava alguma entrevista.
Agradava aos ouvidos o que escutava da sábia escritora; aos olhos, a imagem de uma mulher forte e ao mesmo tempo com todo o aspecto de "maizona" protetora.
Que histórias interessantes contava, e com que carinho falava da família.
A casa onde viveu junto com Jorge Amado, o hábito dos dois, durante o entardecer, apreciarem a chegada da noite sentados junto a uma grande árvore, que ainda existe, na casa do Rio Vermelho, onde estão as cinzas de Jorge e agora, por decisão da família, vai ser cremada e suas cinzas espalhadas na mesma casa, junto as do marido.
Que existência bonita, Zélia. Obrigado por tudo. A gente fica se sentindo órfão...